Exportar este item: EndNote BibTex

Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/9603
Tipo do documento: Tese
Título: Clima escolar e preconceito contra diversidade sexual e de gênero em escolas
Autor: Lindern, Daniele 
Primeiro orientador: Lisboa, Carolina Saraiva de Macedo
Primeiro coorientador: Silva, Christian Berger
Resumo: O preconceito é definido como uma atitude hostil, direcionada a indivíduos por pertencerem a um determinado grupo, e que origina ou sustenta uma relação hierárquica entre as pessoas. Por se referir a categorias de pessoas e não a indivíduos isolados, o preconceito é socialmente compartilhado. As relações entre os grupos que perpetuam o preconceito e os grupos que são vitimizados estão associados a existência e perpetuação do preconceito. Assim, pode-se compreender que muitos agentes que causam esse fenômeno vêm de situações sociais, como, por exemplo, interações no grupo de pares. Os grupos de pares são definidos como grupos de pessoas de igual hierarquia e que compartilham interesses e/ou características em comum, como idade, frequentar um clube ou ser colegas de turma na escola. A escola configura-se como principal local de desenvolvimento e estabelecimento das relações entre pares. Enquanto ambiente constituinte do desenvolvimento, a escola pode se caracterizar não somente como um espaço de desenvolvimento cognitivo e social saudáveis, mas também palco para a segregação e hierarquização social, através do preconceito. Há diferentes tipos de preconceito. Estudos têm investigado o impacto do preconceito contra diversidade sexual e de gênero na cultura e no clima das escolas, mas em contexto brasileiro a associação dos temas ainda é pouco explorada. O preconceito contra diversidade sexual e de gênero na escola tende a afetar as relações entre pares ao longo do tempo, podendo resultar em um clima e cultura escolar negativos. O clima escolar caracteriza a qualidade da vida na escola de acordo com as experiências das pessoas nesse local, enquanto a cultura escolar se refere às normas e crenças que definem a identidade institucional da escola. Os objetivos específicos desta tese foram: analisar os documentos que regem a Educação Básica no Brasil a fim de identificar de que forma os conceitos de diversidade e minorias são abordados nestes documentos; identificar a prevalência de preconceito (individual e percebido nos grupos de pares) contra diversidade sexual e de gênero nas escolas e a percepção de clima escolar; investigar se haveria diferenças entre os grupos de participantes (estudantes LGBT – lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros – e não LGBT, meninas e meninos) com relação ao preconceito e ao clima escolar; investigar se haveria relações entre o preconceito, o clima escolar e as demais variáveis do estudo; investigar se o preconceito percebido nos pares seria uma variável moderadora entre a sensação de pertencimento à escola e o clima escolar e compreender como estudantes e professores não LGBT percebem o atravessamento do preconceito em seus padrões de relações na escola. A pesquisa foi dividida em um estudo teórico e dois estudos empíricos sequenciais (Estudo I e Estudo II). A análise da Lei de Diretrizes e Bases, das Diretrizes Curriculares Nacionais e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) realizada no estudo teórico revelou que, embora sejam contemplados alguns tipos de preconceito e o respeito à diversidade esteja presente nesses documentos, não são mencionadas a orientação sexual e/ou a identidade/expressão de gênero. O Estudo I teve delineamento quantitativo transversal. Os instrumentos utilizados foram um Questionário de dados sociodemográficos, a Escala de Preconceito Contra Diversidade Sexual e de Gênero e a Delaware School Climate Survey (DSCS-S) – Versão brasileira para estudantes. Participaram do estudo 538 alunos de três escolas públicas da cidade de Porto Alegre, denominadas como “Escola A” (n = 87), “Escola B” (n = 111) e “Escola C” (n = 330). Do total de estudantes, 51,5% declararam ser do sexo feminino (n = 277) e 16,5% (n = 89) identificaram-se como LGBT. A média de idade foi de 16,02 anos (DP = 1,63). Foram identificadas diferenças entre os grupos, sendo que tanto as meninas quanto estudantes LGBT relataram pior percepção de clima escolar, menos pertencimento à escola e menos preconceito individual contra diversidade sexual e de gênero. Estudantes que afirmaram ter em seu convívio pessoas LGBT reportaram menos preconceito individual comparados aos que não tinham contato próximo com essas minorias. De maneira ampla, os resultados das demais análises sugerem que o preconceito percebido nos grupos de pares prediz uma pior percepção de clima escolar, e que quando aceito e valorizado entre os pares, o preconceito pode estar associado positivamente ao clima escolar. Ainda, o preconceito percebido nos pares, quando mais elevado, tende a fortalecer a associação entre o pertencimento e o clima escolar. Complementarmente, o Estudo II teve delineamento qualitativo transversal. Foram sorteados oito participantes do Estudo I, sendo quatro professores e quatro estudantes. Os participantes responderam a uma entrevista semiestruturada, e as transcrições foram analisadas por meio do método de análise de conteúdo (Bardin, 2016). Durante as coletas de dados as escolas entraram em greve, e, por este motivo, foram realizadas sete entrevistas, totalizando quatro professoras e três estudantes (dois meninos e uma menina). Os resultados revelaram que os participantes percebem que o preconceito contra diversidade sexual e de gênero se faz presente nas escolas, especialmente de maneira indireta, através de piadas e linguagem pejorativa. Dessa forma, os achados dos estudos I e II sugerem que o preconceito contra minorias sexuais impacta o ambiente escolar de forma negativa, podendo levar a climas e culturas escolares que sustentam e reforçam a heteronormatividade nas escolas. De forma complementar, o fato do respeito à diversidade sexual e de gênero não estar presente BNCC pode reduzir os diálogos na escola sobre estes temas e reforçar concepções distorcidas sobre as pessoas LGBT.
Abstract: Prejudice is defined as a hostile attitude, directed at individuals because they belong to a certain group, and which creates or sustains a hierarchical relationship between people. Since it refers to categories of people and not to isolated individuals, prejudice is socially shared. The relationships between the groups that perpetuate prejudice and the groups that are victimized are associated with the existence and perpetuation of that prejudice. Therefore it can be understood that many factors that cause this phenomenon come from social situations, such as interactions within peer groups. Peer groups are defined as groups of people of equal hierarchy and who share common interests and/or characteristics, such as age, frequenting the same club or being classmates at school. School is the foremost place for development and establishment of peer relations. As an important environment of development, school can be characterized not only as a space for healthy cognitive and social development, but also as a stage for social segregation and hierarchy, through prejudice. There are different types of prejudice. Studies have investigated the impact of prejudice against sexual and gender diversity in the culture and climate of schools, but in the Brazilian context the investigation of these themes is still little explored. Prejudice against sexual and gender diversity at school tends to affect peer relations over time, which can result in a negative school climate and culture. School climate characterizes the quality of life at school according to the experiences of people at a school, while school culture refers to the norms and beliefs that define the institutional identity of the school. The specific objectives of this thesis were: to identify the prevalence of prejudice (individual and perceived in peer groups) against sexual and gender diversity in schools and the perception of school climate; to investigate whether there would be differences between the groups of participants (LGBT students - lesbian, gay, bisexual and transgender - and nonLGBT students) with respect to prejudice and school climate; to investigate if there would be relationships between prejudice, school climate and the other study variables; to investigate if the prejudice perceived in peers would be a moderating variable between the feeling of belonging to the school and the school climate and understand how students and non-LGBT teachers perceive the impact of prejudice in their relationship patterns at school. The research was divided into two sequential studies. Study I had a cross-sectional quantitative design. The instruments used were a Sociodemographic Data Questionnaire, the Scale of Prejudice Against Sexual Diversity and Gender and the Delaware School Climate Survey (DSCS-S) - Brazilian version for students. 538 students from three public schools in the city of Porto Alegre participated in the study, named “School A” (n = 87), “School B” (n = 111) and “School C” (n = 330). Of the total number of students, 51.5% declared to be female (n = 277) and 16.5% (n = 89) identified themselves as LGBT. The mean age was 16.02 years (SD = 1.63). Differences between groups were identified, with both the LGBT group and the female students reporting a worse perception of school climate, less sense of belonging to their school and less individual prejudice against sexual and gender diversity. Students who claimed to have LGBT people in their lives reported less individual prejudice compared to those who had no close contact with these minorities. Broadly, the results of the other analyses suggest that prejudice perceived in the peer groups predicts a worse perception of school climate, and that when accepted and valued among peers, the prejudice can be positively associated with the school climate. Still prejudice perceived in peers, at higher levels, tends to strengthen the association between belonging and the school climate. Study II had a cross-sectional qualitative design. Eight participants from Study I were randomly selected, four teachers and four students. The participants responded to a semi-structured interview, and the transcripts were analysed using the content analysis method (Bardin, 2016). During data collection, the schools went on strike, and due to this occurrence, seven interviews were conducted, totalling four teachers (women) and three students (two boys and one girl). The results revealed that the participants perceive that prejudice against sexual and gender diversity is present in their schools, especially indirectly, through jokes and pejorative language. Thus, the findings of studies I and II suggest that prejudice against sexual minorities negatively impacts the school environment, which may lead to school climates and cultures that support and reinforce heteronormativity in schools.
Palavras-chave: Preconceito
Diversidade Sexual e de Gênero
Homofobia
Transfobia
Clima Escolar
Base Nacional Comum Curricular
Prejudice
Sexual and Gender Diversity
Homophobia
Transphobia
School Climate
National Curricular Common Base
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Sigla da instituição: PUCRS
Departamento: Escola de Ciências da Saúde e da Vida
Programa: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Restrição de acesso: Trabalho será publicado como artigo ou livro
Prazo para liberar texto completo: 60 meses
Data para liberar texto completo: 10/05/2026
URI: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/9603
Data de defesa: 20-Mar-2020
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Psicologia

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
TES_DANIELE_LINDERN_CONFIDENCIAL.pdfDANIELE_LINDERN_TES458 kBAdobe PDFThumbnail

Baixar/Abrir Pré-Visualizar


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.