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Tipo do documento: Tese
Título: Saúde sexual de pessoas trans : fatores associados às experiências de afirmação de gênero, corpo e sexualidade
Autor: Catelan, Ramiro Figueiredo 
Primeiro orientador: Costa, Ângelo Brandelli
Resumo: Pessoas trans são aquelas cuja identidade de gênero não se encontra alinhada com o sexo designado no nascimento. No contexto brasileiro, estão sujeitas a adversidades e vulnerabilidades sistemáticas, que incluem alta prevalência e exposição a HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis, temas explorados na literatura nacional e internacional. Aspectos de saúde sexual geral, como satisfação com procedimentos de afirmação de gênero, assertividade sexual e receios relacionados ao sexo têm sido insuficientemente abordados. Buscando contribuir para preencher essa lacuna, o objetivo desta tese foi investigar fatores associados às experiências de afirmação de gênero, corpo e sexualidade em indivíduos trans. Foram realizados seis estudos, sendo um teórico, três empíricos e dois clínicos. O primeiro estudo compilou evidências sobre aspectos técnicos relacionados às necessidades de saúde de pessoas trans, apresentando as principais barreiras de acesso enfrentadas por esses indivíduos e discutindo as implicações técnicas e políticas do cuidado em saúde. O segundo estudo investigou se autoestima, depressão e resiliência (variáveis psicológicas) e a realização de cirurgia de modificação corporal se associam aos desfechos medo sexual, ansiedade sexual, insatisfação sexual, nível de satisfação com procedimentos de modificação corporal e preocupações com imagem sexual corporal (desfechos sexuais) em 462 homens e mulheres trans. Os principais resultados indicaram que maiores níveis de depressão e menores níveis de resiliência foram associados com insatisfação sexual. Ainda, depressão e resiliência foram associados com o escore composto de insatisfação sexual e ansiedade sexual. Esses desfechos sugerem que prejuízos de saúde mental podem impactar negativamente a vida sexual de indivíduos trans. O terceiro estudo verificou associações entre sexo protegido por preservativo, autoeficácia na negociação do uso de preservativos, autoestima e quatro dimensões do estresse de minoria (experiências de “misgendering”, preocupações com passabilidade, preconceito antecipado e preconceito percebido) em 260 homens e mulheres trans. Os achados sugeriram que a autoeficácia na negociação do uso de preservativos, preocupações com passabilidade e experiências de “misgendering” foram preditores do sexo protegido por preservativo. Estratégias estruturais e intervenções clínicas foram sugeridas para abordar a autoeficácia na negociação do uso de preservativos e as preocupações com passabilidade em populações trans. O quarto estudo apresentou informações qualitativas sobre afirmação de gênero, corpo e sexualidade a partir de dados obtidos em entrevistas semiestruturadas com seis pessoas, analisados por meio da análise de conteúdo. Os principais eixos temáticos foram definidos a priori e indicaram uma ampla variedade de significados atribuídos a essas vivências, demonstrando a heterogeneidade presente nas comunidades trans. O quinto estudo realizou uma revisão básica sobre disfunções sexuais em pessoas trans e apresentou uma proposta de terapia cognitiva sexual para essa população. A discussão clínica sugeriu procedimentos para avaliar, conceituar e tratar as demandas e queixas sexuais, salientando o papel de profissionais da Psicologia na orientação e apoio relativos à busca por procedimentos médicos e sociais de afirmação de gênero e indicando intervenções psicoterápicas que rompam com o padrão estritamente comportamental da terapia sexual tradicional. O sexto estudo construiu uma orientação detalhada de como manejar a ruminação corporal em indivíduos trans que apresentam disforia de gênero a partir dos pressupostos da terapia comportamental dialética. Foi ressaltado o necessário equilíbrio entre estratégias de aceitação e mudança por meio de vinhetas fictícias e instruções clínicas pormenorizadas. O conjunto de estudos aponta as experiências heterogêneas da população trans em relação à saúde sexual, demonstrando o impacto de prejuízos da saúde mental sobre variáveis sexuais e o modo como o preconceito direcionado a esses indivíduos afeta negativamente desfechos relacionados à sexualidade. Conclui-se que mais estudos precisam ser realizados para informar intervenções programáticas e clínicas que influenciem positivamente a saúde sexual da população trans.
Abstract: Transgender persons are those whose gender identity is not aligned with sex assigned at birth. In the Brazilian context, they are subject to several vulnerabilities and are systematically at risk of suffering deleterious adversities, which include high prevalence and exposure to HIV/AIDS and other sexually transmitted infections, trends already well documented in national and international literature. Aspects of general sexual health, such as satisfaction with gender assertion procedures, sexual assertiveness and fears related to sex have been insufficiently addressed. Seeking to contribute to fill this gap, the objective of this thesis was to investigate factors associated with gender affirmation, body and sexuality experiences in transgender individuals. The thesis is composed of one theoretical, three empirical and two clinical studies. The first study compiled evidence on technical aspects related to healthcare needs of transgender persons, presenting the main barriers of access faced by these individuals and discussing the technical and political implications of health care. The second study investigated whether self-esteem, depression and resilience (psychological variables) and the performance of body modification surgery are associated with the outcomes sexual fear, sexual anxiety, sexual dissatisfaction, level of satisfaction with body modification procedures and concerns with sexual body image (sexual variables) in 462 trans men and women. The main results indicated that higher levels of depression and lower levels of resilience were associated with sexual dissatisfaction. Still, depression and resilience were associated with the score composed of sexual dissatisfaction and sexual anxiety. These outcomes suggest that damage to mental health can negatively impact the sex life of trans individuals. The third study found associations between condom-protected sex, self-efficacy in negotiating condom use, self-esteem and four dimensions of minority stress (misgendering experiences, “passing” concerns, anticipated prejudice and perceived prejudice) in 260 transgender men and women. The findings suggested that self-efficacy in negotiating condom use, “passing” concerns, and experiences of “misgendering” were predictors of condom-protected sex. Structural strategies and clinical interventions have been suggested to address self-efficacy in negotiating condom use and “passing” concerns in transgender populations. The fourth study presented qualitative data about gender affirmation, body, and sexuality obtained in semi-structured interviews with six participants, analyzed through content analysis. The main thematic axes were defined a priori and indicated a wide variety of meanings attributed to these experiences, demonstrating the heterogeneity present in transgender communities. The fifth study carried out a basic review on sexual dysfunction in transgender persons and presented a proposal for cognitive sexual therapy for this population. The clinical discussion suggested procedures to assess, conceptualize, and treat sexual demands and complaints, highlighting the supportive role of psychologists in gender-based medical procedures. The study also indicates psychotherapeutic interventions that break the strictly behavioral pattern of traditional sex therapy. The sixth study, based on the assumptions of dialectical behavioral therapy, described detailed interventions on how to manage body rumination in transgender individuals who have gender dysphoria. The necessary balance between acceptance and change strategies was emphasized through fictitious vignettes and detailed clinical instructions. The set of studies points out the heterogeneous sexual health experiences in transgender population, demonstrating the impact of mental health impairments on sexual outcomes and the manners on which how prejudice against these individuals negatively affects sexual outcomes. It is concluded that more studies need to be carried out to inform programmatic and affirmative clinical interventions to address sexual health concerns in transgender population.
Palavras-chave: Transexualidade
Disforia de Gênero
Saúde Sexual
Saúde Mental
Afirmação de Gênero
Transgenderism
Gender Dysphoria
Sexual Health
Mental Health
Gender Affirmation
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Sigla da instituição: PUCRS
Departamento: Escola de Ciências da Saúde e da Vida
Programa: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Restrição de acesso: Trabalho será publicado como artigo ou livro
Prazo para liberar texto completo: 60 meses
Data para liberar texto completo: 10/11/2025
URI: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/9350
Data de defesa: 15-Mai-2020
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Psicologia

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