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Tipo do documento: Dissertação
Título: Utilização do diagnóstico em saúde mental : a percepção de usuários e familiares de um centro de atenção psicossocial
Autor: Westphal, Mariá Peres 
Primeiro orientador: Rocha, Katia Bones
Resumo: O objetivo geral deste estudo é compreender quais são os sentidos e significados que os usuários e familiares atribuem à utilização do diagnóstico em saúde mental e de que forma o diagnóstico perpassa sua história, seu viver e seu cotidiano. Sua problematização situa-se na dimensão teórico-conceitual da reforma psiquiátrica, por discutir aspectos relacionados a conceitos fundantes da psiquiatria. O movimento da Reforma Psiquiátrica é marcado pela coexistência de modelos na prática dos profissionais que atuam no cuidado a usuários dos serviços de saúde mental. Portanto, torna-se importante discutir e problematizar de que forma o dispositivo do diagnóstico, importado do modelo biomédico, é utilizado no contexto de busca pela superação da estigmatização e exclusão social dos usuários que se beneficiam do modelo de atenção psicossocial. Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter exploratório, no qual foram realizadas 14 entrevistas semiestruturadas, sete com usuários e sete com seus respectivos familiares, os quais estavam vinculados a um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do tipo II de um município da Região Metropolitana de Porto Alegre. A escolha dos participantes se deu a partir de encontros da pesquisadora com a equipe técnica deste serviço. Foram selecionados usuários que estivessem há um ano ou mais vinculados ao CAPS, pois pressupôs-se a existência de vínculo com a equipe de referência depois de transcorrido tal período. Estimou-se também que a equipe teria conhecimento razoável para estabelecer um diagnóstico ou hipótese diagnóstica após este tempo de vinculação. Assim, pressupõe-se que estes usuários conseguissem ter um olhar mais crítico em relação ao seu processo de cuidado em saúde mental. Foi solicitado que o familiar escolhido fosse alguém que acompanha o usuário de forma mais próxima no serviço. O roteiro da entrevista abordou os seguintes tópicos: compreensão acerca do início do adoecimento; forma de acesso à rede de saúde e outros serviços públicos ou privados; cotidiano e vivências comunitárias e sociais; relação com o CAPS e com a equipe; sentidos atribuídos ao diagnóstico e ao tratamento recebido; percepções de mudança após o adoecimento e ao diagnóstico. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. O percurso metodológico de análise dos dados deste estudo foi conduzido pela Psicologia Discursiva, tendo como base epistemológica o Construcionismo Social. A análise foi realizada com vistas a identificar os repertórios interpretativos que, segundo Potter e Wetherell (1987), são marcados por termos, metáforas, sinais, figuras de linguagem e imagens que são utilizadas na conversação. Foram identificados repertórios interpretativos que deram origem aos seguintes eixos de análise: 1) Sentidos atribuídos ao processo de adoecimento e à concepção de normalidade; 2) Abordagem do diagnóstico no modelo de atenção psicossocial; 3) Ressignificando o adoecimento: mudanças e o encontro com novas possibilidades de vida. O uso dos repertórios interpretativos possibilitou a compreensão de que os usuários têm suas possibilidades de vida limitadas pela presença da lógica normativa e biomédica em seu convívio comunitário, o que contribui para que vivenciem estigmatização e exclusão social. Essa lógica é perpassada por uma atenção à saúde mental que por vezes é marcada pela falta de diálogo entre profissionais, usuários e familiares, tanto sobre o diagnóstico em si quando acerca dos demais atravessamentos presentes no processo de adoecimento. Entretanto, a visão positiva dos usuários e familiares acerca do CAPS marca a sua importância enquanto espaço de construção de um olhar para a saúde mental que promova cidadania, autonomia e veja o sujeito adoecido a partir de seu desejo e potencialidades.
Abstract: The general goal of this research study is to understand which senses and meanings patients and relatives give to the diagnosis of mental disorders, and how this diagnosis impacts on their histories, living, and daily lives. This question lays on the Psychiatric Care Reform theoretical and conceptual dimensions, as it discusses aspects related to Psychiatry fundamental concepts. The Psychiatric Care Reform movement is marked by by the coexistence of two models in the practice of professionals who act in the care of mental health patients. Therefore, it is important to discuss and to question how the device of diagnosis, imported from the biomedical model, is used in the context of overcoming stigma and social exclusion of users who benefit from the psychosocial care model. It is a qualitative study, exploratory, in which we performed 14 semi-structured interviews, being seven with users and the other seven with their correspondent relatives, all of whom were bounded to a Psychosocial Care Center (CAPS), type II, from a city of the surrounding areas of Porto Alegre, Brazil. The participants' selection happened during the researcher's meetings with the Center's technical staff. We selected users who had been bounded to the CAPS for one year or more, as we assumed the existence of a bonding with the reference staff after such period of time. We also estimated that the staff would have reasonable knowledge to establish a diagnosis or a diagnostic hypothesis after one year of bonding. Therefore, we assumed the users could have a more critical opinion regarding their mental health care processes. We asked that the chosen relative to be someone who checks up on the user closely at the Center. The interview script approached the following topics: understanding on the beginning of getting sick; ways of accessing the health network and other public or private care units; daily life, and community and social experiences; relationship with CAPS and with staff; meaning given to diagnosis and to the received treatment; perceptions of changes after getting sick and diagnosis. The interviews were recorded and then transcribed. The data analysis methodological path of this research study was conducted with Discursive Psychology, having Social Constructionism as its epistemological basis. We performed the analysis in order to identify the interpretative repertoires which, according to Potter and Wetherell (1987), are marked by clusters of terms, metaphors, idioms and vivid images that are used in conversation. We identified interpretative repertoires that originated the following cores of analysis: 1) Meanings given to the process of getting sick and to the concept of normality; 2) Approach to diagnosis in the psychosocial care model; 3) Giving new meanings to getting sick: changing and finding new possibilities of living. The use of interpretative repertoires made it possible to understand that users have their possibilities of living limited by the presence of a normative and biomedical logic in their community experiences, which contributes to their experiencing of stigma and social exclusion. This way of thinking is crossed by a mental health care that, at times, is marked by the lack of dialogue among professionals, users, and relatives, regarding both the diagnosis itself and other crossings that are part of the process of getting sick. However, the positive point of view of users and relatives about the CAPS points to its importance as a place of constructing a mental health mentality that promotes citizenship, autonomy, and that sees the sick individual as from their desires and capabilities.
Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica
Saúde Mental
Diagnóstico
Estigma
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Sigla da instituição: PUCRS
Departamento: Escola de Ciências da Saúde e da Vida
Programa: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Restrição de acesso: Trabalho será publicado como artigo ou livro
Prazo para liberar texto completo: 60 meses
Data para liberar texto completo: 21/10/2024
URI: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/8955
Data de defesa: 21-Fev-2019
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Psicologia

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