Exportar este item: EndNote BibTex

Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10685
Tipo do documento: Tese
Título: Percursos de emancipação e descolonização pela voz de infâncias africanas
Autor: Cibotari, Teresa Beatriz Azambuya 
Primeiro orientador: Angelini, Paulo Ricardo Kralik
Resumo: A presente pesquisa investiga a representação da infância nas literaturas africanas, especificamente de Angola e Moçambique, a partir da análise de quatro narrativas: Quem me dera ser onda, de Manuel Rui (1982, Angola); Terra Sonâmbula, de Mia Couto (1992, Moçambique); Avó Dezanove e o segredo do soviético, de Ondjaki (2008, Angola) e Ponta Gea, de João Paulo Borges Coelho (2017, Moçambique). Nessas obras, a infância assume papel protagonista, ainda que representada por meio de diferentes estratégias narrativas e ocupando posições estruturais diversas: ora, como personagem, ora como narradora; ora como memória, ora como reconstrução pretensamente direta da experiência infantil. A hipótese de investigação postula que a narração da infância constitui-se como uma estratégia discursiva decolonial e como um discurso identitário de descolonização. Nesse sentido, o trabalho busca comprovar tal postulado, com base na análise das referidas obras, que abrangem um período de quatro décadas. Para proceder à investigação, a discussão abordará, primeiramente, as questões teóricas referentes à enunciação e ao agenciamento (BAKTHIN, 2011; VOLOCHÍNOV, 2013) DELEUZE E GUATTARI, 2003); identidade e nacionalidade (HALL, 2005; BHABHA, 1998; ANDERSON, 1989); à infância (AGAMBEN, 2005; ARIÉS, 1986; HEYWOOD, 2004; SARMENTO, 2004); às teorias pós-colonial, descolonial e decolonial (LEITE, 2012; MBEMBE, 2019; MALDONADO-TORRES, 2019); e à infância africana (SACCO; FERREIRA; KOLLER, 2016). Num segundo momento, as obras literárias serão analisadas com vista a identificar procedimentos de silenciamento e de enunciação da voz infantil, no espaço social, no âmbito escolar e no familiar, a partir da observação das estruturas narrativas. Observou-se que a representação da infância constitui-se como enunciação de um discurso de emancipação. Essa estratégia integra o sistema literário angolano e moçambicano de forma importante, e tal processo é fruto de uma linhagem, que acompanha o processo de independência desses países, o que foi observado a partir da leitura de duas obras fundamentais dos respectivos sistemas: Nós matamos o Cão Tinhoso, de Luís Bernardo Honwana (Moçambique, 1964) e A cidade e a infância, de Luandino Vieira (Angola, 1957). Com isso, nomeou-se um conjunto ao qual se atribuiu o título de narrativas da infância, constituídas discursivamente pelo pressuposto da criança como sujeito. Nessas narrativas, a retórica descolonial é posicionada na voz das crianças, o que desvela, também, a produção de um discurso decolonial, na medida em que se considera a eloquência de um grupo que segue sendo marginalizado, mesmo em sociedades independentes e emancipadas. O protagonismo que as crianças assumem também evidencia uma correspondência entre os processos individuais e coletivos de construção de autonomia e formata-se, portanto, como estratégia discursiva que se propõe a mobilizar a construção de um novo Continente Africano.
Abstract: Esta investigación sondea la representación de la infancia en las literaturas africanas, específicamente de Angola y Mozambique, a partir del análisis de cuatro narrativas: Quem dera me ser onda, de Manuel Rui (1982, Angola); Terra Sonâmbula, de Mia Couto (1992, Mozambique); Avó Dezanove e o segredo do soviético, de Ondjaki (2008, Angola) y Ponta Gea, de João Paulo Borges Coelho (2017, Mozambique). En estas obras, la infancia tiene un papel protagónico, aunque esté representada a través de diferentes estrategias narrativas y ocupe diferentes posiciones estructurales: a veces, como personaje, a veces como narrador; a veces como un recuerdo, a veces como una supuesta reconstrucción directa de la experiencia de la infancia. La hipótesis de investigación postula que la narración de la infancia se constituye como una estrategia discursiva decolonial y como un discurso identitario de descolonización. En este sentido, el trabajo busca corroborar este postulado, a partir del análisis de esas obras, que abarcan un período de cuatro décadas. Para producir la investigación, la discusión abordará en primer lugar las cuestiones teóricas relacionadas con la enunciación y la agencia (BAKTHIN, 2011; DELEUZE E GUATTARI, 2003; VOLOCHÍNOV, 2013); identidad y nacionalidad (HALL, 2005; BHABHA, 1998; ANDERSON, 1989); infancia (AGAMBEN, 2005; ARIÉS, 1986; HEYWOOD, 2004; SARMENTO, 2004); teorías del poscolonial, descolonial y decolonial (LEITE, 2012; MBEMBE, 2019; MALDONADO-TORRES, 2017); y infancia africana (SACCO; FERREIRA; KOLLER, 2016). En un segundo momento, se analizarán las obras literarias con miras a identificar procedimientos para silenciar y enunciar la voz del niño, en el ámbito social, escolar y familiar, a partir de la observación de estructuras narrativas. En el estudio realizado, se observó que la representación de la infancia constituye un enunciado de un discurso emancipatorio y esta estrategia es parte importante del sistema literario angoleño y mozambiqueño. Este proceso es el resultado de un linaje, que acompaña el proceso de independencia de estos países, que se observó a partir de la lectura de dos obras fundamentales de los respectivos sistemas: Nós matamos o Cão Tinhoso, de Luís Bernardo Honwana (Mozambique, 1964) y A cidade e a infância, de Luandino Vieira (Angola, 1957). Con ello, se nombró un grupo, al que se le dio el título de narrativas de infancia, discursivamente constituido por el presupuesto del niño como sujeto. En estas narrativas, la retórica descolonial se posiciona en la voz de los niños, lo que también revela la producción de un discurso decolonial, en la medida en que se considera la elocuencia de un grupo que continúa marginado, incluso en sociedades independientes y emancipadas. El protagonismo que asumen los niños también muestra una correspondencia entre los procesos individuales y colectivos de construcción de la autonomía y se formatea, por tanto, como una estrategia discursiva que propone movilizar la construcción de un nuevo Continente Africano.
This study investigates the representation of childhood in African literature, specifically from Angola and Mozambique, based on the analysis of four narratives: Quem me dera ser onda, by Manuel Rui (1982, Angola); Terra Sonâmbula, by Mia Couto (1992, Mozambique); Avó Dezanove e o segredo do soviético, by Ondjaki (2008, Angola); and Ponta Gea, by João Paulo Borges Coelho (2017, Mozambique). In these works, childhood assumes a leading role, albeit through different narrative strategies and structural positions: either as a character, or as a narrator; sometimes as a memory, or even as an allegedly direct reconstruction of childhood experience. The research hypothesis postulates that the narration of childhood is constituted as a decolonial discursive strategy and as an identity discourse of decolonization. In this sense, the work seeks to prove this postulate, based on the analysis of the referred works, which cover a period of four decades. To proceed with the investigation, the discussion will first address theoretical issues related to enunciation and agency (BAKTHIN, 2011; DELEUZE AND GUATTARI, 2003; VOLOCHÍNOV, 2013); identity and nationality (HALL, 2005; BHABHA, 1998; ANDERSON, 1989); childhood (AGAMBEN, 2005; ARIÉS, 1986; HEYWOOD, 2004; SARMENTO, 2004); post-colonial, decolonial and decolonization (LEITE, 2012; MBEMBE, 2019; MALDONADO-TORRES, 2019); and African childhood (SACCO; FERREIRA; KOLLER, 2016). Secondly, based on narrative structures, the literary works will be analyzed to identify procedures for silencing and enunciating the voice of the child at school, in the family, and social spheres. It was observed that the representation of childhood constitutes the enunciation of an emancipation discourse. This strategy integrates the Angolan and Mozambican literary systems in a significant way, and this process is the result of a lineage that accompanies the independence process of these countries, as evidenced by the reading of two fundamental works of the respective systems: Nós matamos o Cão Tinhoso, by Luís Bernardo Honwana (Mozambique, 1964) and A cidade e a infância, by Luandino Vieira (Angola, 1957). This resulted in the designation of a set, which was given the title of childhood narratives, discursively constituted by the assumption of the child as a subject. Decolonial rhetoric is placed in the voice of children in these narratives, revealing the production of a decolonial discourse insofar as the eloquence of a group that remains marginalized, even in independent and emancipated societies. The protagonism that children assume also demonstrates a correspondence between the individual and collective processes of constructing autonomy and is thus formatted as a discursive strategy that proposes mobilizing the construction of a new African continent.
Palavras-chave: Infância
Literatura Moçambicana
Literatura Angolana
Descolonização, Decolonialidade
Enunciação
Área(s) do CNPq: LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Sigla da instituição: PUCRS
Departamento: Escola de Humanidades
Programa: Programa de Pós-Graduação em Letras
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Restrição de acesso: Trabalho será publicado como artigo ou livro
Prazo para liberar texto completo: 36 meses
Data para liberar texto completo: 29/03/2026
URI: https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10685
Data de defesa: 13-Jan-2023
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Letras

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
TES_TERESA_BEATRIZ_AZAMBUYA_CIBOTARI_CONFIDENCIAL.pdfTERESA_BEATRIZ_AZAMBUYA_CIBOTARI_TES679,94 kBAdobe PDFThumbnail

Baixar/Abrir Pré-Visualizar


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.