@PHDTHESIS{ 2020:1397129958, title = {Os caminhos e os descaminhos da ciência na obra de Ernesto Sabato}, year = {2020}, url = "http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/9133", abstract = "A criação científica e a literária estão fundadas em uma percepção que, muitas vezes, supera a barreira da realidade factual, transformando-se em um desejo de conhecer e ser conhecido, independentemente da metodologia empregada. Quando escritores escrevem tendo como inspiração a ciência e cientistas escrevem romances, nota-se uma tentativa de ultrapassar esse abismo que separa literatos e cientistas. Contudo, no caso do escritor argentino Ernesto Sabato (1911-2011), percebe-se justamente o contrário, pois, em seus ensaios, encontra-se, muitas vezes, uma postura radical contra o pensamento científico e os avanços tecnológicos. Essa posição permitiu o seguinte questionamento: será que essa “aversão” a tudo o que diz respeito à ciência é concretizada nos seus romances? Nesse sentido, a hipótese central desta tese é de que nas três obras literárias de Ernesto Sabato – El túnel (1948), Sobre héroes y tumbas (1961) e Abaddón el exterminador (1974) – podem ser encontrados elementos ou ideias que apontam para uma rejeição ao pensamento científico que aparecem com frequência nos ensaios. Para identificar e caracterizar esses elementos, a metodologia empregada foi a análise de conteúdo e o corpus esteve constituído não só dos três romances já citados, como também de nove obras ensaísticas: Uno y el universo (1945), Hombres y engranajes (1951), Heterodoxia (1953), El escritor y sus fantasmas (1963), Tango discusión y clave (1963) e Tres aproximaciones a la literatura de nuestro tiempo (1968), Apologías y rechazos (1979), Antes del fin (1998) e La resistencia (2000). Assim, na análise dos ensaios sabatianos percebeu-se uma rejeição aos fundamentos da ciência moderna – abstração, rigor, lógica, neutralidade –, com o autor considerando-os responsáveis pela crise na qual o homem contemporâneo se encontra. Quando o tema é a literatura, constata-se uma necessidade de reafirmar que somente ela seria capaz de resgatar o homem dessa tenebrosa estrutura dos tempos modernos. Esses pontos de vista antagônicos aparecem na escolha das obras e autores que formaram o cânone literário de Ernesto Sabato – Fiódor Dostoievski, Paul Valéry, Edgar Allan Poe, Jean-Paul Sartre e Jorge Luis Borges –, elogiando-os e criticando-os conforme as posições que adotaram quando o tema era a ciência. Nos romances, suas concepções sobre a ciência estão presentes, principalmente, na forma como constrói seus personagens, pois, ao criar indivíduos paranoicos (Juan Pablo Castel e Fernando Vidal Olmos), ele dá destaque a todas aquelas características associadas ao pensamento científico, demonstrando sua repulsa a essa visão de mundo que valoriza a abstração, a lógica e a imparcialidade em detrimento do espírito humano. Já ao criar personagens envolvidos com o processo de escrita (Bruno, “Sabato”, “S”), o autor não só quer comunicar seu conceito de literatura, como expor a sua função em um mundo que, segundo ele, está dominado pelas abstrações científicas. Desse modo, foi possível demonstrar que a aversão pela ciência exposta por Ernesto Sabato em seus ensaios concretiza-se na construção de seus romances, em especial no discurso de seus personagens. No entanto, também foi possível observar que essa aversão reiteradamente manifestada pelo autor, se tornou, mesmo que à revelia dele, material literário.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Escola de Humanidades} }