@PHDTHESIS{ 2023:77155108, title = {Kierkegaard e a reabilitação do eu : um diálogo com o homem contemporâneo, sua natureza e cultura}, year = {2023}, url = "https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/11019", abstract = "De modo geral, a presente tese pretende ser um diálogo entre a filosofia existencial e o homem contemporâneo, dotado de uma natureza religiosa que vem sendo rejeitada pela cultura que o envolve. Há, atualmente, uma demanda contemporânea pela reabilitação do si mesmo, perdido e enredado por forças sociais imanentistas que negam, de modo contundente ou sutil, suas possibilidades espirituais. Diante desse contexto desfavorável, a filosofia de Kierkegaard é capaz de oferecer um sentido de reabilitação desse eu fragmentado mediante indicação de um aproveitamento adequado da existência. A tese, sendo um diálogo entre a demanda cultural e a pretendida resposta filosófica, está dividida em duas partes principais. Na primeira parte, buscamos cumprir dois objetivos precípuos: no capítulo 1, a partir da análise do fenômeno religioso, bem como do entendimento da insuficiência de sua abordagem pelo método sociológico, que o compreende de modo superficial, amparados pela ideia da complexidade adentramos em terreno psicológico, com o propósito de conhecer o fenômeno em profundidade, a partir da interioridade humana. Concluímos que o homem é dotado de uma natureza religiosa inconsciente. No capítulo 2, buscamos analisar de que modo esse homem religioso relaciona-se com sua cultura. Compreendemos que o sentido maior da existência ou suprassentido, nas considerações de Viktor Frankl, vem sendo rejeitado de dois modos principais. No primeiro, têm-se uma rejeição contundente à ideia de Deus e das religiões em geral, materializada em uma crítica forte. Já no segundo, percebemos uma sutileza bastante sofisticada e singular, pois não há uma crítica contundente à ideia de Deus, mas um convite difuso por toda cultura a um modo de vida imanente, hedonista, presentista e sem referentes transcendentes. Esse espírito cultural vem tornando o homem distante de si mesmo, incompleto do ponto de vista espiritual, inautêntico. Diante dessa realidade descrita na primeira parte do trabalho, estabelecemos um diálogo com Kierkegaard, pois em sua filosofia encontramos elementos capazes de responder a essa demanda contemporânea pela subjetividade. A resposta está em seu processo existencial de reabilitação do eu, ancorado em três condições básicas. A primeira condição é trabalhada no capítulo 3 e baseia-se no aproveitamento do desespero, presente no homem atual, como forma de dar a ele a consciência de que é possuidor de uma parte eterna e subaproveitada do si mesmo, e que, em função disso, não pode viver de modo autêntico sua existência. O desespero pode assim ser entendido como um meio para que o indivíduo se conscientize de que é beneficiado por potencialidades subaproveitadas, em uma espécie de autoconhecimento. Há ainda uma segunda condição nesse caminho existencial de reabilitação, trabalhada no capítulo 4, que se refere ao aproveitamento da angústia existencial como forma de tornar o indivíduo consciente de sua própria liberdade. Ademais, a angústia, na medida em que o impele a transitar pelos caminhos da existência, torna-o capaz de ultrapassar e mesmo transgredir o contexto cultural que o envolve, sobretudo quando lhe é desfavorável em termos de espiritualidade, como é o caso do cenário contemporâneo. Por fim, descrevemos a terceira e última condição para que o eu se torne realizado e ela tem como base os conceitos de instante e fé. O indivíduo deve abdicar dos momentos fugidios da vida, prescindindo, inclusive, da ocasião socrática, quando o mestre era capaz de partejar os conhecimentos ínsitos à subjetividade, para entregar-se ao instante preenchido pela eternidade. Nesse momento, há um encontro com os propósitos divinos antes ocultos, um contato com o absoluto, e isso enseja uma transformação radical do si mesmo. Tanto o cavaleiro da fé quanto o discípulo contemporâneo são as figuras que melhor representam o termo desse processo de reabilitação, seu ponto de chegada. Esses personagens são, portanto, exemplos de integridade e autenticidade do eu, e nos falam, em tom sereno e grave, sobre essa abertura espiritual tão necessária ao homem atual.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Filosofia}, note = {Escola de Humanidades} }