@PHDTHESIS{ 2022:1917466288, title = {A feminização linguístico-discursiva no jornal A Classe Operária (1925-1930) : política linguística em perspectiva dialógica}, year = {2022}, url = "https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10340", abstract = "Atualmente, encontra-se em voga a discussão sobre políticas linguísticas propostas por grupos socialmente oprimidos para atenuar preconceitos impressos na linguagem e para tornar as línguas mais igualitárias e inclusivas. A feminização linguístico-discursiva, i.e., a valorização e o uso das formas linguísticas femininas é uma dessas propostas, tendo como intuito de, a partir da estilização discursiva, visibilizar as mulheres em seus próprios discursos nas mais variadas esferas discursivas. Essa política linguística, analisada e difundida com o advento dos estudos sociolinguísticos sobre linguagem e gênero nos anos 1970-1980, tem como reivindicação embrionária a reflexão feita em O Segundo Sexo por Simone de Beauvoir, em 1949, de que as mulheres não utilizavam o pronome “nós” para se autodesignarem. Contudo, entendemos que as ideologias feministas sempre foram refletidas e refratadas pela linguagem das mulheres, ao ponto dessa atitude linguística preceder à sua nomeação. Contemplando essa problemática, esta tese, a partir da análise dialógica do discurso e de uma visão dialógica do feminismo, tem como objetivo geral investigar a feminização linguístico-discursiva brasileira nos discursos das mulheres trabalhadoras no jornal A Classe Operária (1925-1930), visando compreendê-la enquanto política linguística feminista. Como objetivos específicos, busca: a) analisar os discursos das mulheres trabalhadoras presentes no jornal A Classe Operária na República Velha, averiguando características que apontem para uma política linguística feminista; b) verificar, nos enunciados das mulheres trabalhadoras no referido jornal, sob um viés dialógico, a estilização discursiva a que chamamos de feminização linguístico-discursiva, ressaltando suas características nos planos lexical, gramatical e discursivo, e c) examinar nos discursos analisados vestígios da presença de consciência linguística, nos termos da análise dialógica do discurso, de consciência de classe, nos termos de Karl Marx, e de consciência de gênero, nos termos do feminismo dialógico, observando como isso afeta a estilística de seus enunciados. Seguimos a metodologia proposta por Valentin Volóchinov em Marxismo e Filosofia da Linguagem (2017[1929]), a qual foi adaptada ao nosso objeto de análise. Assim, primeiramente, recuperamos o contexto das mulheres que escreviam para o jornal A Classe Operária entre os anos de 1925 e 1930, para descrição e interpretação das relações entre a base (modo de produção/ relações de produção e classes sociais) e as práticas linguageiras na esfera discursiva imprensa operária brasileira na República Velha. Após, refletimos sobre os enunciados das mulheres trabalhadoras no referido jornal, definindo o seu gênero discursivo e observando como a ideologia de classe das mulheres trabalhadoras organizou a estilística de seu discurso. Por fim, averiguamos as formas linguísticas nesses enunciados, analisando a existência da feminização linguístico-discursiva e ressaltando suas características nos planos lexical, gramatical e discursivo. A partir do conjunto da investigação, defendemos a tese de que a feminização linguístico-discursiva nos discursos das mulheres trabalhadoras no jornal A Classe Operária (1925-1930) se manifesta como uma política linguística, uma vez que esse ato responsivo, percebido no conjunto de seus enunciados, por um lado, reflete uma prática estilística recorrente inscrita na linguagem e, por outro, refrata a defesa dos direitos das mulheres no mundo do trabalho.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Escola de Humanidades} }