@PHDTHESIS{ 2022:789101484, title = {Complicações relacionadas ao uso de polimetilmetacrilato na face}, year = {2022}, url = "https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10206", abstract = "A busca por procedimentos minimamente invasivos para o rejuvenescimento e remodelação da face tem sido crescente nos últimos anos. O uso do Polimetilmetacrilato (PMMA) representa uma das opções e ganhou muita popularidade. Este polímero é composto por microesferas de diâmetro variável e dispersas em algum veículo como colágeno bovino, polietilenoglicol ou ácido hialurônico, sendo considerado um produto de preenchimento permanente. Apesar da aparente simplicidade do método de aplicação, as complicações relacionadas a este procedimento, principalmente na face, também têm crescido e são muitas vezes, graves, imprevisíveis quanto a seu aparecimento, momento de surgimento ou região anatômica comprometida. O objetivo deste estudo foi avaliar retrospetivamente o tempo mediano de ocorrência das complicações, regiões mais frequentes de ocorrência, tipo de manifestação e seus tratamentos prévios. Além disso, buscou esclarecer se o número de vezes em que o PMMA foi injetado apresentou relação com tempo de surgimento mais precoce das complicações e determinar se havia diferença quanto ao tempo de ocorrência de complicações segundo o sexo e idade. Foi realizado estudo retrospectivo descritivo de casos de uma população restrita (observacional) que buscou tratamento em clínica pessoal no período de janeiro de 2000 a junho de 2021. Através de informações obtidas do prontuário eletrônico, foram arrolados 209 indivíduos portadores de complicações já estabelecidas e relacionadas à aplicação prévia de PMMA na face realizada por outros profissionais médicos. As complicações foram classificadas segundo informações obtidas a partir de história e exame clínico, exames de imagem, anatomopatológico e/ou análise fotográfica. As seguintes variáveis foram descritas e analisadas: sexo, idade, quantidade de vezes que foi aplicado o material, tempo de aparecimento da complicação, tipos de complicações e suas localizações, área injetada que mais complicou e procedimentos previamente realizados por outros profissionais visando o tratamento das complicações. Na descrição de ocorrência dos eventos avaliados ao longo do tempo, a análise estatística se baseou na elaboração de curvas de Kaplan-Meier. A comparação entre os grupos estudados foi realizada através de teste de log-rank. Valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significativos. A média de idade foi de 44,6 anos com desvio-padrão 12,2 anos, 172 eram mulheres e 37 homens. A idade de maior incidência de casos foi de 35 anos. A análise de dados mostrou um tempo mediano de surgimento de complicações de 71 meses após a injeção inicial de PMMA na face. A complicação mais precoce ocorreu apenas um mês após a aplicação deste produto e a mais tardia 330 meses. As regiões malar (48,8%) e mandibular (47,8%) foram as áreas mais comprometidas, seguidas pela região zigomática (43,5%), mento (27,8%), lábios (27,3%) e sulcos nasogeniano (22%). O nariz (10%), pálpebras (8,6%), glabela (8,6%), área temporal (7,2%), frontal (1,9%) e orelhas (1%) também foram comprometidas com complicações, porém em menor frequência. A complicação mais frequente foi granuloma presente em 64,6% dos pacientes, seguido pelo edema (57,4%) e inflamação (37,3%). Alterações funcionais, formação de nódulos, neovasos, alterações de pigmentação cutânea, lacrimejamento, infecção, necrose e formação de fístulas também foram encontrados no estudo. O tratamento mais realizado foi a injeção local de corticoide em 53,1% dos pacientes, seguido pela remoção cirúrgica (19,1%). Outros recursos utilizados na tentativa de tratamento das complicações foram a injeção intra-lesional de 5- fluoruracil, uso de ozonioterapia, aspiração do local comprometido, bichectomia, uso de xilitol, alopurinol e remoção com laser intra-lesional. Na população avaliada, não houve relação entre a variável número de vezes em que o PMMA foi injetado e o surgimento precoce de complicações (p = 0,73). Não foi encontrada diferença significativa entre homens e mulheres no tempo de ocorrência de complicações (p = 0,27). Na comparação entre grupos através do teste de log-rank, o valor de p < 0,001 evidenciou diferença estatisticamente significativa, concluindo que pacientes com idade menor de 50 anos apresentaram surgimento de complicações mais precoce que aqueles com idade maior de 50 anos. Conclui-se que as complicações relacionadas ao uso de PMMA podem ocorrer muito tempo após sua injeção. O estudo demonstrou tempo mediano de 71 meses e com complicações tardias ocorrendo mais de 25 anos após sua aplicação na face. Portanto, o acompanhamento dos pacientes submetidos a este tratamento, orientação sobre riscos, características do material, complicações e manejo adequado são de fundamental importância. Apesar das regiões malar, mandibular e zigomática terem sido as mais comprometidas, todas as áreas da face apresentaram algum tipo de complicação. O diagnóstico preciso, auxiliado muitas vezes por exames de imagem ou histológico, auxilia no diagnóstico diferencial entre nódulos e granulomas, orientando um tratamento mais específico. Quanto ao fato de a quantidade de vezes em que o PMMA foi injetado não ter apresentado relação com o surgimento de complicações, possivelmente o volume total injetado e/ou sua qualidade, ainda que não avaliados, possam apresentar relação com as complicações. Os resultados podem servir de base de conhecimento, auxiliando numa melhor compreensão das complicações relacionadas ao uso de PMMA na face.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde}, note = {Escola de Medicina} }