@PHDTHESIS{ 2022:1865540484, title = {A produção discursiva oral em idosos típicos e com Doença de Alzheimer}, year = {2022}, url = "https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10154", abstract = "A produção discursiva oral faz parte do nosso dia a dia, cumprindo diversas funções nas relações sociais. No caso dos adultos idosos, em que alterações típicas do envelhecimento podem ocorrer, o diagnóstico de alterações nas habilidades discursivas apresenta-se como uma ferramenta para a detecção precoce de distúrbios indicativos de doenças neurodegenerativas, tais como a Doença de Alzheimer (DA). A presente tese é composta por quatro estudos. O primeiro estudo teve como objetivo verificar, por meio de uma revisão sistemática, quais as tarefas comumente utilizadas para elucidação da produção discursiva oral do adulto idoso e a relação desta com escolaridade e hábitos de leitura e escrita (HLE). Verificou-se que grande parte das pesquisas utiliza tarefas com estímulos visuais, sobretudo em seu formato sequencial, enquanto uma pequena parte utiliza tarefas baseadas em eventos autobiográficos, conversações livres ou descrição de procedimentos. Poucos estudos investigam o efeito da escolaridade, enquanto nenhum estudo investiga o efeito dos HLE. Tais resultados apontam para lacunas a serem preenchidas por estudos futuros. O segundo estudo buscou investigar o efeito da escolaridade e dos HLE na produção discursiva oral de adultos idosos típicos. Para tanto, os participantes (n=117) produziram uma narrativa baseada em uma sequência de sete figuras. Aspectos macro e microestruturais das narrativas, bem como modalizações, foram quantificados manualmente. Verificou-se um efeito da escolaridade na macro e na microestrutura discursiva, bem como um efeito dos HLE na produção de menos modalizações, demonstrando o efeito positivo desses fatores socioculturais na produção discursiva oral. O terceiro estudo teve como objetivo investigar a associação de recorrências de curto e longo alcance com idade, escolaridade e HLE em adultos idosos típicos. Para tanto, as transcrições das narrativas de 118 adultos típicos - com idade entre 51 e 82 anos e, em média, 10 anos de escolaridade - foram representadas como um grafo de trajetória de palavras, em que cada palavra é representada como um nó e o vínculo temporal entre palavras consecutivas é representado por uma aresta, usando o software Speech Graphs. Com esse método, é possível mensurar o grau de conectividade das palavras que compõem um texto a partir do número total de arestas que chegam ou partem dos nós. A partir disso, foram extraídos três atributos de grafos: (1) o número total de arestas repetidas (RE - repeated edges), definida como a soma de todas as arestas que ligam o mesmo par de nós; (2) o número de nós no maior componente conectado (LCC - largest connected component), definido como o maior conjunto de nós direta ou indiretamente ligados por algum caminho; (3) o número de nós no maior componente fortemente conectado (LSC - largest strongly connected component), definido como o maior conjunto de nós direta ou indiretamente ligados por caminhos recíprocos, de modo que todos os nós no componente são mutuamente alcançáveis. O avanço da idade levou ao aumento das arestas repetidas (isto é, de recorrências de curto alcance) e à redução da conectividade (recorrências de longo alcance), tornando o discurso oral mais repetitivo e menos conectado. Essa relação perdeu significância estatística quando corrigida para escolaridade e HLE, sugerindo um efeito protetor da leitura sobre a cognição em uma população de baixo nível educacional. Por fim, o quarto estudo buscou verificar se atributos de grafos podem diferenciar a produção de narrativas orais de adultos com DA (n=24) e adultos típicos (n=48). Três atributos foram analisados: (1) o número de arestas (E - edges); (2) LCC; e (3) LSC. Participantes com DA produziram narrativas menos conectadas do que os participantes do grupo controle. A baixa conectividade foi associada a um pior desempenho da memória semântica exclusivamente em participantes com DA. Tais resultados indicam que a fala conectada e a análise dos atributos de grafos representam uma ferramenta prática para avaliar o comprometimento cognitivo em idosos com DA, podendo auxiliar no seu diagnóstico e detecção precoce. Os estudos desenvolvidos demonstram o potencial da análise linguística do nível do discurso na compreensão da relação entre linguagem e fatores cognitivos e socioculturais, bem como na detecção de distúrbios cognitivos.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Escola de Humanidades} }