@PHDTHESIS{ 2021:151897392, title = {Literatura do que não existe mais : a literatura pós-guerra fria nos territórios das extintas República Democrática Alemã e Tchecoslováquia}, year = {2021}, url = "http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/9708", abstract = "Através deste estudo, busca-se abrir um novo espaço de discussão literária, com a apreciação de obras pouco ou nada conhecidas no meio acadêmico brasileiro, como são as produzidas no (Centro-)Leste Europeu. A hipótese geral levantada para iniciar esta pesquisa é de que a narrativa ficcional da Europa centro-oriental, sobretudo a escrita na primeira década posterior ao final da ditadura comunista, apresenta características próprias, como fenômeno histórico específico de um espaço determinado, mas que se estende além das novas fronteiras dos países hoje existentes. O objetivo principal é – a partir da leitura de narrativas ficcionais de autores da República Tcheca, da Eslováquia e da Alemanha – pensar criticamente sobre a representação, nessas narrativas, da vida em territórios cujas identidades geopolíticas foram modificadas por conta da queda do regime socialista que havia perdurado por mais de quarenta anos. Para isso, três pontos servem de base: possíveis consequências da exposição continuada ao regime autoritário que se desfaz; a perda (?) de identidades nacionais a partir da ruptura com o passado; e a constituição de novas formas de ser sujeito, quando “o que deixou de existir” não foi apenas o tempo vivido sob um regime autoritário, mas também os espaços nos quais os indivíduos haviam nascido e habitado até então. Propõe-se ainda olhar para como os autores escrevem sobre as fronteiras que deixaram de existir e os novos territórios a partir daí constituídos. Nas obras selecionadas – Adam e Evelyn, de Ingo Schulze, Nem santos nem anjos, de Ivan Klíma, e Samko Tále’s Cemetery Book, de Daniela Kapitáňová –, é possível verificar aspectos da vida de pessoas comuns que precisam adaptar-se a novas realidades políticas e nova divisão territorial de seus países, enquanto enfrentam questões de ordem pessoal, como a morte, os relacionamentos afetivos e familiares, a carreira profissional. Destacam-se, além disso, os rastros do passado que promovem constantes transformações nos traços identitários dos povos desses espaços, compondo diferentes subjetividades dentro de coletividades também diversas. A fundamentação teórica toma por base uma grande constelação de estudos sobre memórias individuais e coletivas, bem como os usos da memória histórica e de esquecimentos programados, nas narrativas de formação de identidades nacionais e culturais, discussões reavivadas por Aleida Assmann, Paul Ricoeur, Tzvetan Todorov, entre outros. Ainda são debatidas as relações entre identidade nacional e constituição das subjetividades das personagens, ligadas ao surgimento de novas construções identitárias – aparecem aqui, com maior destaque, a sociossemiótica de Eric Landowski e o ressentimento, conforme Max Scheler e Marc Angenot. É ainda apresentado resumidamente o debate em torno dos estudos das narrativas póssocialistas, conduzido por Madina Tlostanova, Dobrota Pucherová, Cristina Sandru, Dorota Kołodziejczyk, que revisitam teorias pós-coloniais, bem como os cronotopos de Bakhtin relacionados às tempo-localidades do pós-comunismo. Ao final, contrastase a condição da literatura antes e depois de 1989, com o propósito de demonstrar se a hipótese inicial foi comprovada.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Escola de Humanidades} }