@PHDTHESIS{ 2019:1644563492, title = {Messianismo tardio : adorno e a persistência da teologia política}, year = {2019}, url = "http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/8670", abstract = "O objeto desta tese é o pensamento de Theodor Wiesengrund Adorno. O seu tema consiste em examinar pari passu o papel que uma corrente messiânica de matriz judaica exerce na filosofia adorniana. A estratégia exegética adotada pela tese é de natureza diacrônicocomparativa, uma vez que se procura reconstruir as influências de escolas, de conceitos e de autores no desenvolvimento do labor filosófico de Adorno, com o objetivo de resolver alguns problemas de compreensão que surgem a partir da leitura e discussão de suas principais obras e ensaios. Em linhas gerais, este trabalho consiste em uma modesta tentativa de oferecer uma interpretação do pensamento de Adorno que talvez esteja para aquém das disciplinas da estética, da psicanálise e da teoria social, nas quais o autor possui um círculo maior de leitores e de estudiosos. Não se almeja, no entanto, reinventar a roda, desautorizando uma longa e consolidada recepção acadêmica do frankfurtiano. Que os motivos teológicos, especialmente da tradição judaica, deixaram vestígios no pensamento de Adorno é algo amplamente reconhecido pela recepção, não sendo objeto de problematização nem aqui nem em qualquer outro lugar. Mas o que ainda está em disputa é saber se esses vestígios teológicos configuram aspectos estruturais de sua teoria crítica ou, ao contrário, se eles são só resíduos conceituais de um interesse casuístico. Do ponto de vista adotado por este trabalho, optou-se em se posicionar a favor da primeira opção, ou seja, em prol da tese menos aceita pela recepção. Por isso, teve-se de construir uma hermenêutica própria do pensamento de Adorno, a partir da figura judaica do messianismo, que aparece em diversos momentos e de forma difusa ao longo de sua trajetória filosófica, mas que atinge, em um período tardio do seu pensamento, uma significação grande demais para ser ignorada. Desse modo, foram criadas quatro periodizações temáticas para explorar diferentes momentos do pensamento de Adorno, a saber, 1) a metafísica da juventude (1919-1931), 2) a filosofia da história (1932-1947), 3) o messianismo tardio (1935-1969) e 4) a persistência da teologia política (194-). Apesar de não serem arbitrárias, elas têm um caráter antes didático do que estanque e não rivalizam necessariamente entre si. Elas procuram salientar antes as descontinuidades e rupturas no interior do seu discurso filosófico do que reafirmar uma pretensa coesão da sua filosofia em um todo. Destarte, defende-se a tese de que o aludido aspecto messiânico não deve ser entendido de modo puramente negativo, ou seja, com base apenas na interdição judaica de se representar positivamente o paraíso, a utopia social e a justiça plena, senão também de forma positiva, por meio de um modelo de teologia política comprometido com a redenção enquanto desmitologização. Com este modelo de teologia política, Adorno identifica e combate, com argumentação rigorosa, os vestígios antissemitas – e, por isso, míticos – no interior dos sistemas filosóficos. Depois de Auschwitz, o povo judeu passou a ser retratado pelo autor como o paradigma histórico do não-idêntico que a filosofia da identidade procurava eliminar a todo custo. Por isso, a tese dá especial destaque à persistência da teologia política, que assume, em Adorno, a forma de uma implacável crítica aos filosofemas de Hegel e de Heidegger, por serem encarnações do fenômeno do antissemitismo espiritual – que se baseia em premissas da metafísica cristã (ou da teodiceia) para legitimar, ontologicamente, o mal, a morte e o sofrimento no mundo. Assim, a filosofia tardia de Adorno demonstra que a crítica à idolatria deve ser, antes de qualquer coisa, crítica à ontologia enquanto culto do ser.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Filosofia}, note = {Escola de Humanidades} }