@PHDTHESIS{ 2017:1094946805, title = {O processo de aculturação e a adultez emergente em atletas de futebol}, year = {2017}, url = "http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/7701", abstract = "Introdução: O futebol é um esporte globalizado, e, assim, a mobilidade de atletas para integrar novas equipes esportivas tem aumentado de forma significativa. Desde muito cedo, jovens atletas residentes em clubes de futebol no Brasil, vindos de diferentes regiões do país e do exterior enfrentam o processo de aculturação, ou seja, a transição/inserção em uma cultura diversa da sua em função da carreira esportiva. O processo pelo qual o indivíduo aculturado passa, ao mudar-se para um novo local culturalmente diferente ao seu, tem se mostrado de grande impacto para sua aderência à nova realidade além de influenciar diretamente na performance e no ciclo vital do atleta. Contudo, esse fenômeno tem sido pouco explorado e levado em consideração ao avaliar o sucesso e o fracasso dos atletas no contexto futebolístico, principalmente na área da Psicologia do Esporte. Além de se depararem com questões culturais bem diferentes (como alimentação, temperaturas e valores), os atletas enfrentam rotinas intensas de treinos intercalados com atividades escolares, estando, assim, em risco de apresentar sofrimento emocional por estarem em um novo contexto e terem pouco tempo para adaptação, devido à alta exigência relacionada à performance esportiva no futebol em um curto período de tempo. Objetivo: Compreender como se dá o processo de aculturação, identificando aspectos a ele associados, e o processo de transição para a vida adulta e a adultez emergente em atletas das categorias de base do futebol. Método: Pesquisa com delineamento misto e longitudinal, utilizando uma entrevista semiestruturada, questionário sociodemográfico e seis instrumentos: Inventário de Habilidades Sociais, Inventário de Dimensões da Adultez Emergente, Escala de Expectativas Futuras de Adolescentes, Inventário de Ansiedade Beck, Escala de Depressão de Beck, Inventário de Sintomas de Stress. Participaram da pesquisa qualitativa oito atletas das categorias de base de um clube de futebol do sul do Brasil, residentes no clube há pelo menos 6 meses e com idades entre 16 e 20 anos. Na etapa quantitativa, participaram 29 atletas, sendo que os 29 atletas aculturados preencheram todos os instrumentos na admissão no clube, e apenas 21 deles completaram as duas coletas subsequentes três e seis meses após sua chegada. Para a análise dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo e análise estatística descritiva e inferencial, verificando frequências e correlações entre as variáveis. Resultados: Embora os resultados não apontem mudanças significativas nas variáveis ao longo dos três tempos coletados durante os seis meses do processo de aculturação, 63% dos atletas aculturados apresentaram déficits nas habilidades sociais após seis meses desse processo, sendo os fatores de enfrentamento e de autoexposição os que apresentaram déficits mais significativos. Os atletas apresentaram sintomas mínimos de ansiedade, depressão e estresse durante o processo de aculturação. No entanto, correlações significativas foram encontradas entre as habilidades sociais de autocontrole e ansiedade e depressão. Segundo a análise de conteúdo (Bardin, 2011), os atletas descrevem pontos, como a chegada ao clube sem conhecer ninguém, os costumes da região sul (por exemplo, alimentação e personalidade dos gaúchos), a temperatura, o tipo de treinamento, assim como a distância de casa e da família, como fatores de risco para a adaptação que interferem no rendimento esportivo. Referem, ainda, um incremento no uso de novas tecnologias de informação e comunicação (TICS), como o WhatsApp, para interação com amigos e familiares. Em relação à adultez emergente dos atletas aculturados, os mesmos parecem estar vivenciando essa fase, experienciando principalmente características como ambivalência, exploração da identidade e experimentação de possibilidades, sendo otimistas com o que o futuro os reserva. Além disso, os resultados apontam que os atletas possuem perspectivas que consideram importantes para o seu futuro, especialmente ligados ao trabalho, à constituição da família e à saúde. Somente a idade e as perspectivas de futuro parecem ser preditores significativos da adultez emergente. Discussão: O decréscimo de habilidades sociais e as falas dos atletas reforçam estudos que postulam que a adaptação a uma nova cultura pode ser um processo complexo e de risco (Evans, & Stead, 2012; Richardson et al., 2012). Compreender o processo de aculturação e os desafios enfrentados pelos atletas na chegada a um novo clube é importante para a prevenção em relação à alienação social, ao déficit em habilidades sociais e aos fracassos no desempenho esportivo. A formação de novos vínculos e redes de apoio mostrou-se necessária e uma das principais estratégias utilizadas pelos atletas para enfrentar as adversidades do processo de aculturação e do esporte. No que diz respeito à adultez emergente, os resultados parecem identificar que os atletas assumem responsabilidades de adultos, como o sustento da família, além de liberdade de escolha e possibilidade de experimentar novas situações profissionais e amorosas. Isso ocorre antes de assumir o papel de adulto, concretizando a formação da própria família e sua estabilidade profissional, como aparecem nas perspectivas de futuro desses atletas. Essas responsabilidades e perspectivas de futuro parecem afetar positivamente a saúde mental dos atletas, que não apresentam índices elevados de ansiedade e depressão. Além disso, as perspectivas de futuro mostraram-se significativamente influentes para as dimensões da adultez emergente.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Psicologia}, note = {Escola de Ciências da Saúde} }