@PHDTHESIS{ 2024:1798745304, title = {A corporeidade como fenômeno, sentido e expressão do corpo}, year = {2024}, url = "https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/11255", abstract = "A Educação Infantil (EI), como primeira etapa da Educação Básica (EB), traz em seu documento normativo dois eixos estruturantes que orientam a Educação na infância: as interações e as brincadeiras. Considerando que a criança, desde os primeiros anos de vida, é essencialmente corpórea, nesta tese parte-se da premissa de que a corporeidade manifestada durante as interações e brincadeiras imprime os significados para a aprendizagem, trazendo o corpo e o movimento como pontos centrais em uma concepção holística/integral de criança. Tais prerrogativas tornam-se importantes para compreender como o corpo foi concebido historicamente e identificar práticas educativas cartesianas que, ainda hoje, são realizadas. Assim, ao adentrar no universo da fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty, que apresenta como tema-chave a fenomenologia da percepção, infere-se neste estudo o movimento como uma experiência corporificada sensível e indissociável do ser humano; uma abordagem que se apresenta como um caminho possível para lidar com uma Educação que, ainda hoje, se encontra alicerçada na cognição, desconsiderando a relação entre mente e corpo. Neste contexto, questiona-se a corporeidade como conceito fenomenológico, propondo-a como um 3º eixo estruturante na EI, orientado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para comprovar a tese, foi desenvolvida uma pesquisa cujo objetivo geral foi estudar como a corporeidade, como conceito fenomenológico, possibilita a garantia dos direitos de aprendizagem e a prática dos campos de experiência, assim devendo ser considerada como um 3º eixo estruturante da EI, orientada pela BNCC. A metodologia caracterizou-se como fenomenológica de abordagem qualitativa e caráter exploratório, uma vez que se pretende evidenciar a experiência de vida das crianças na EI. Assim, os objetivos específicos desta pesquisa consistiram em (a) discutir a corporeidade como fundamento da EI, a partir da BNCC, articulando-a aos eixos estruturantes, campos de experiência e direitos de aprendizagem; (b) verificar, na percepção dos professores de Educação Física (EF) e EI, como o fenômeno da corporeidade se articula com as práxis pedagógicas na EI; (c) compreender as manifestações da corporeidade, das crianças que se fazem presentes no processo de ensino e aprendizagem, e como estas se relacionam com a experiência no cotidiano escolar. O recorte para a pesquisa procedeu com a participação de cinco professores e 62 crianças devidamente matriculadas nos níveis 2 (4 e 5 anos) e 3 (5 e 6 anos) da EI de quatro escolas de EB da rede privada de Porto Alegre/RS e de uma escola da mesma rede, localizada no município de Viamão/RS. Como procedimentos metodológicos, adotaram-se as seguintes técnicas de coleta de dados: observação participante, entrevista semiestruturada e análise documental. Os dados foram analisados utilizando-se os pressupostos da técnica de análise de conteúdo, em sua etapa inicial de codificação, enumeração da frequência e critério de categorização semântica (categoria temática), por meio do agrupamento das palavras. Estabeleceram-se três categorias temáticas: 1 - A corporeidade como eixo estruturante no currículo da EI; 2 - O fenômeno da corporeidade como alicerce para a prática pedagógica; 3 - A criança corpórea como sujeito de experiência. Os resultados da primeira categoria evidenciaram que os professores consideram necessária uma reflexão acerca do entendimento sobre o conceito de corporeidade, articulando-a com a BNCC. Corroboram que a corporeidade reconhecida como eixo estruturante traz um olhar amplo ao movimento da criança, um olhar que capta a sensibilidade, a criatividade, a técnica, a ludicidade e as intenções da criança, sendo capaz de garantir experiências efetivas que proporcionem o conhecimento de si, do outro e do mundo. Para a segunda categoria, revelou-se que professores de Educação Física reconhecem que o movimento ganha maior notoriedade em suas aulas; no entanto, entendem que o trabalho educativo com o corpo infantil não é exclusividade deste componente curricular, e sim de toda a comunidade escolar. As escolas se mostraram mais abertas à valorização do movimento infantil, por meio de estudos realizados em formações que valorizam a importância do corpo como um campo prático para a experiência infantil, transformando essa experiência em conhecimento. A terceira categoria confirmou que a corporeidade se faz presença forte em qualquer ação intencional da experiência da criança, e integra as habilidades contidas em cada um dos campos de experiência. Mesmo que pareça oculta na BNCC, a corporeidade dialoga, adentra e entrelaça a experiência, potencializando as aprendizagens. Constatou-se que a escola, aos poucos, vem deixando de ser um espaço de controle e passou a ser um espaço de brincadeiras, de expressão artística, da liberdade corporal, das relações e dos atritos, ou seja, o espaço em que, de fato, as crianças estabelecem relações com o mundo, a partir de seu corpo. Assim, a tese aqui defendida é de que apontar a corporeidade como um 3º eixo estruturante na BNCC é fundamental para garantir os direitos de aprendizagem e de desenvolvimento da criança, possibilitando ações educativas potencializadoras que respeitem as infâncias e a criança na sua essência. A corporeidade na perspectiva fenomenológica se constituindo como um 3º eixo possibilitará um novo olhar para a criança, por meio de uma concepção da sua totalidade. Será um processo essencial para a construção pedagógica, na qual o corpo da criança não ficará mais relegado a um segundo plano; e os professores contarão com repertório para desenvolver, sobretudo, uma educação do cuidado, da sensibilidade, da escuta e do olhar atencioso. É preciso pensar a educação criticamente, transformando-a em um verdadeiro espaço de aprendizagem que privilegie os diversos saberes e experiências corporais, de maneira que ultrapasse os limites da escola com o intuito de formar cidadãos e cidadãs para a vida.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Educação}, note = {Escola de Humanidades} }