@PHDTHESIS{ 2021:775023534, title = {Estruturação e validação diagnóstica de instrumento de autorrelato e perfil epidemiológico e indicadores de risco para variáveis endodônticas: uma série de estudos observacionais}, year = {2021}, url = "https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10400", abstract = "Objetivo: Esta tese teve como objetivo principal estruturar e validar um instrumento de autorrelato em saúde bucal capaz de detectar a prevalência das patologias pulpares e periapicais. Como objetivo secundário, esta tese buscou avaliar o perfil epidemiológico e indicadores de risco associados às consultas de urgência odontológica (CEO) em diferentes países, estando dividida em oito artigos: 1- um estudo transversal avaliando a acurácia do autorrelato do tratamento endodôntico (ARTE) como medida preditora de tratamento endodôntico (TE) e periodontite apical (PA) em uma sub-população sul-brasileira; 2- um estudo transversal multicêntrico avaliando a acurácia do ARTE como medida preditora do TE e da PA em diferentes contextos populacionais, em sub-populações do Brasil e da Malásia; 3- um estudo de construção e validação de um questionário de autorrelato voltado para a predição da PA (ARPA); 4- um estudo transversal analisando a acurácia do ARPA em uma sub-população sul-brasileira; 5- um estudo transversal analisando a prevalência de CEO envolvendo alívio de dor e indicadores clínicos e socioeconômico associados em uma amostra representativa de dentistas do serviço privado da Austrália; 6- um estudo transversal analisando o perfil das CEO e a associação com parâmetros clínicos e ambientais em uma amostra do serviço público do Uruguai; 7- um estudo transversal analisando a associação entre aspectos socioeconômicos e variáveis endodônticas em uma sub-população sul-brasileira; 8- um estudo transversal analisando a relação entre o autorrelato de saúde bucal (ARSB) e estilo de vida e indicadores sociodemográficos, médicos e odontológicos em uma sub-população sul-brasileira. Métodos e Resultados: No artigo 1, foram incluídos 136 indivíduos que responderam a um questionário de autorrelato (exposição: ARTE) e realizaram exame clínico e radiográfico periapical (desfecho: observação radiográfica de TE e PA). A acurácia diagnóstica foi calculada separadamente para TE e PA. Foram observados os valores de acurácia, sensibilidade (SS), especificidade (ES), valores preditivos positivos (VPP) e negativos (VPN), eficiência e razões de verossimilhança positiva (RVSP) e negativa (RVSN). O ARTE demonstrou alta SS e ES para o TE (0.960; 0.835), mas não para a PA (0.757; 0.631). Os valores referentes ao VPP e VPN foram, respectivamente: TE (0.777; 0.972) e PA (0.396; 0.890). Os valores referentes a RSVP e RSVN foram, respectivamente: TE (5.853; 0.046) e PA (2.057;0.383). No artigo 2, foram incluídos 338 pacientes provenientes de amostra multicêntrica (Brasil e Malásia). O ARTE (exposição principal) foi obtido por meio de questionário, e os diagnósticos de TE e PA (desfechos) foram obtidos por meio da análise de radiografias panorâmicas. Foram observados os valores de acurácia, SS, ES, VPP, VPN, eficiência, RVSP e RVSN. Os valores do ARTE para a presença de TE e PA foram, respectivamente: acurácia (0.879; 0.572); SS (0.938; 0.646); ES (0.824; 0.544); VPP (0.830; 0.453); VPN (0.936; 0.710); eficiência (0.881; 0.595); RVSP (5.329; 1.418); RVSN (0.075; 0.650). No artigo 3, inicialmente um questionário com 48 itens foi desenvolvido após revisão de literatura acerca de aspectos relacionados à PA. O instrumento foi submetido à validação de conteúdo e face por meio da análise de um comitê de especialistas e a aplicação do questionário em uma amostra piloto. Finalmente, o questionário foi respondido por 199 pacientes provenientes de dois centros de triagem odontológica (PUCRS e UFSM), sendo seus resultados submetidos à análise fatorial exploratória (AFE), visando à redução de itens e construção do instrumento final de autorrelato para PA (ARPA). A validação de face e conteúdo resultou em um questionário com 38 itens. Após a AFE, restou um questionário com 8 itens, distribuídos em 3 fatores. Todos os itens apresentaram carga fatorial >0.5 e o modelo foi responsável por 66.63% da variância. A escala reduzida apresentou um valor do teste Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de 0.659, coeficiente alfa de Cronbach de 0.85 e coeficiente de correlação intraclasse de: 0.82. No artigo 4, procedeu-se a análise da acurácia do instrumento ARPA desenvolvido no artigo anterior. O ARPA foi respondido por 182 pacientes que realizaram radiografias panorâmicas nas clínicas de triagem da PUCRS e UFSM, das quais foram coletados os desfechos de diagnóstico de PA e presença de TE. Foi calculada a análise da área sob a receiver operator curve (AUROC) para estabelecer o melhor ponto de corte discriminatório de diagnóstico de PA para os escores do ARPA. Foram analisados os valores de acurácia, SS, ES, VPP, VPN, RVSP e RVSN. Os valores do ARPA para o diagnóstico de PA foram: AUROC (0.672), acurácia (0.615); SS (0.636;); ES (0.590); VPP (0.0649); VPN (0.576); RVSP (1.207) e RVSN (0.615). No artigo 5, foram coletados dados com relação ao motivo da consulta odontológica (emergência / não emergência) e características clínicas (número de dentes, número de dentes cariados, diagnóstico) e sociodemográficas (sexo, idade, seguro saúde) de 6504 pacientes a partir de uma amostra representativa de 1148 dentistas do setor privado da Austrália, durante o período compreendido entre os anos 2009-2010. As associações entre as CEO e os indicadores clínicos e sociodemográficos foram calculadas por meio de modelos de regressão de Poisson, sendo calculados os valores de razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC 95%). Na análise ajustada para sexo, idade, seguro saúde, número de dentes e dentes cariados, o diagnóstico de doença pulpar/periapical foi associado de maneira independente à CEO quando comparado aos demais diagnósticos (falha de restauração: RP = 0.45; desordem periodontal: RP = 0.51; cárie: RP = 0.34; outros = RP 0.19), com exceção do diagnóstico de trauma dental (RP = 1.37). No artigo 6, foram coletados dados sociodemográficos (idade, sexo, estação do ano e turno de atendimento) e clínicos (diagnóstico) de 32168 pacientes atendidos em CEO em um serviço público no Uruguai, durante o período de Janeiro de 2014 a Janeiro de 2019. Foram utilizados modelos de regressão de Poisson para analisar as associações entre as variáveis de exposição (sociodemográficas) e o desfecho (diagnóstico na CEO) por meio do cálculo das RP e IC 95%. O modelo de regressão ajustado revelou uma associação independente entre CEO por diagnóstico endodôntico e sexo masculino (RP = 1.05; IC 95% = 1.04 – 1.06), faixas etárias de <60 anos (0 – 18 anos RP = 1.36; IC 95% = 1.31 – 1.41 e 19 – 59 anos RP = 1.33; IC 95% = 1.28 – 1.38), turnos de atendimento da tarde (RP= 1.01; IC 95% = 1.00 – 1.02) e noite (RP = 1.03; IC 95% = 1.01 – 1.04). Comparado ao verão, todas as outras estações do ano apresentaram menores RP com relação ao diagnóstico endodôntico na CEO (primavera RP = 0.97; IC 95% = 0.96 – 0.99, inverno RP = 0.95; IC 95% = 0.93 – 0.96 e outono RP = 0.97; IC 95% = 0.96 – 0.99). No artigo 7, 239 indivíduos que realizaram radiografias panorâmicas no centro de triagem da PUCRS foram incluídos. Dados referentes a sexo, idade, hábito de fumar, frequência de ingestão de bebidas alcoólicas, nível educacional e renda familiar mensal (variáveis de exposição) foram coletados a partir de questionários. Informações referentes a presença de TE, qualidade do TE (QTE) e diagnóstico de PA (variáveis desfecho) foram obtidos a partir das análises das radiografias panorâmicas. Modelos de regressão de Poisson foram utilizados para análise da associação entre as variáveis socioeconômicas e as endodônticas (RP e IC 95%). Os modelos multivariados demonstraram uma maior frequência de TE em indivíduos com maiores níveis de escolaridade (ensino médio completo: RP = 1.41 e ensino superior: RP = 1.50) e com ≥60 anos de idade (RP = 1.31). A AP foi associada com o sexo masculino (RP = 1.84). Nenhuma das variáveis de exposição foi associada com a QET. No artigo 8, 172 pacientes responderam a um questionário estruturado de autorrelato. A variável desfecho consistiu no autorrelato de saúde bucal (ARSB) e as variáveis de exposição consistiram no sexo, idade, número de dentes autorrelatado, hábito de fumar, frequência de ingestão de bebidas alcoólicas, índice de massa corporal (IMC) – calculado a partir do relato de peso e altura dos pacientes – frequência de escovação dental e histórico de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). A associação entre as variáveis foi estimada por meio de modelos de regressão de Poisson com cálculos de RP e IC 95%. Os modelos de regressão ajustados para co-variáveis demonstraram associação de pobre ARSB e hábito de fumar (RP = 1.10; IC 95% = 1.00 – 1.22) e obesidade (RP = 1.15; IC 95% = 1.04 – 1.27). Conclusões: o artigo 01 demonstrou que o ARTE é um bom preditor da presença de TE, contudo não prediz de modo suficiente a presença da PA nesta sub-população. O artigo 02 demonstrou que a acurácia do ARTE na identificação de pacientes que apresentam TE e/ou PA é contexto-dependente, podendo variar de acordo com o perfil da população. No geral, o ARTE demonstrou ser um método válido para predição do TE, mas não da PA nas duas populações analisadas. O artigo 03 gerou um instrumento sucinto de autorrelato para variáveis endodônticas, apresentando níveis aceitáveis de confiabilidade e estabilidade. O artigo 04 demonstrou que o instrumento de ARPA apresentou poder de predição da PA em até 65% dos casos, sendo de fácil aplicação e baixo custo principalmente para a utilização em rastreamentos populacionais em grande escala. O artigo 05 revelou uma forte associação dos diagnósticos endodônticos (doença pulpar e periapical) e do trauma dental com CEO e que fatores socioeconômicos (sexo, idade e seguro saúde) e clínicos (perda dental, cárie, doenças endodônticas e trauma dental) são indicadores de risco para a busca por CEO na população Australiana. No artigo 06, tendências sazonais foram identificadas como indicadores de risco para CEO. Fatores sociodemográficos (sexo masculino e menor faixa etária) e padrões sazonais (verão e turnos de atendimento da tarde e noite) foram associados com uma maior prevalência de CEO relacionadas à doença pulpar e periapical. O artigo 07 demonstrou que uma maior prevalência de PA foi associada ao sexo masculino, já a presença de TE foi associada com idade e nível educacional, sugerindo uma diversidade no acesso a tratamentos mais conservadores como o TE, podendo ser moduladas por fatores socioeconômicos como o acesso à educação. O artigo 08 revelou que fatores relacionados ao estilo de vida estão associados ao ARSB, sendo que obesidade e hábito de fumar foram associados com pobre ARSB na sub-população analisada. Esta tese propõe a utilização de um instrumento de autorrelato para PA na intenção de contribuir com um acréscimo no número de estudos de cunho epidemiológico na área da endodontia, demonstrando ainda que a investigação da prevalência do diagnóstico endodôntico, especialmente no cenário das urgências odontológicas, pode revelar padrões de distribuição e associação com diferentes indicadores de risco.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Odontologia}, note = {Escola de Ciências Saúde e da Vida} }