@PHDTHESIS{ 2019:664917044, title = {Empatia e tomada de perspectiva e suas relações com o preconceito e o racismo}, year = {2019}, url = "http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/8939", abstract = "Introdução: O preconceito é um fenômeno psicológico, cognitivo e social em que ocorre uma atribuição ou julgamento negativo que é imposto a um indivíduo em razão do seu pertencimento a um grupo social. Mudanças sociais, culturais e legais que tem como objetivo a diminuição do racismo, uma forma específica de preconceito, fazem com que suas manifestações se tornem cada vez mais complexas e subjetivas, ainda que suas conseqüências negativas e prejuízos permaneçam. No contexto da Psicologia, a hipótese do contato de Allport emerge e permanece como uma das principais fontes que embasam meios de combater ou reduzir o preconceito. A hipótese do contato sustenta que o estabelecimento do contato pode causar a aproximação e a diminuição do preconceito entre grupos ou indivíduos diferentes. Para que o contato ocasione efeitos benéficos deve haver igualdade de status entre os grupos na situação específica do contato, objetivos em comum, cooperação entre grupos e supervisão e apoio de autoridades, leis ou costumes. A hipótese do contato e a redução do preconceito apresentam como seus principais mediadores aspectos afetivos e cognitivos e seus representantes mais importantes, a saber, empatia e tomada de perspectiva. Objetivo: Compreender as relações entre preconceito, contato, empatia e tomada de perspectiva e a redução do preconceito racial. Método: Baseado em um experimento realizado no contexto norte americano, com delineamento quase experimental, explicativo e transversal, objetivouse investigar os efeitos do contato, empatia e tomada de perspectiva sobre a redução do preconceito racial. Foram realizados dois experimentos. O primeiro é uma replicação do experimento original. Nesse, os participantes escreveram um ensaio narrativo sobre um dia na vida de um homem negro e jovem retratado em uma fotografia. A amostra foi composta por 40 estudantes universitários entre 19 e 24 anos. Metade da amostra recebeu instruções baseadas na tomada de perspectiva-outro e a outra metade recebeu instruções para se manter objetivo e neutro. Posteriormente, todos os participantes responderam o Teste de Associação Implícita (TAI) sobre preconceito racial em sua versão para o computador. Os ensaios elaborados pelos participantes foram analisados qualitativamente com o programa de computador R. No segundo experimento, foi realizada uma variação do experimento original. Nesse, os participantes preencheram o Inventário de Empatia e depois foram orientados a escrever um ensaio narrativo sobre um dia na vida de um homem negro e jovem retratado em uma fotografia. Metade dos participantes recebeu instruções baseadas na tomada de perspectiva-outro e a outra metade foi instruída a se manter objetiva e neutra. Após, todos os participantes responderam o Teste de Associação Implícita (TAI) sobre preconceito racial em sua versão para o computador e preencheram o Formulário sobre Contato Interpessoal. Resultados: No primeiro experimento, os resultados do TAI apontaram neutralidade em relação ao preconceito racial na amostra pesquisada, ou seja, não foi encontrado um viés de preferência por pessoas brancas ou negras. A análise dos ensaios revelou a ausência de estereótipos negativos, a presença de conteúdos que fazem parte da vida dos próprios participantes e uma elaboração maior dos ensaios no grupo experimental. No segundo experimento, os resultados do TAI também apontaram neutralidade, ou seja, ausência de viés de preferência, em relação ao preconceito racial nas condições experimental e controle. Além disso, foram encontradas correlações positivas e negativas entre o Inventário de Empatia e suas subescalas e o Formulário sobre Contato Interpessoal. Discussão: No primeiro experimento, a neutralidade no resultado do TAI sugere que os jovens universitários brancos compõem um grupo etário e social que apresenta níveis neutros ou baixos de preconceito racial. Essa circunstância pode ser parcialmente explicada pela discussão crescente sobre a esse tema no contexto brasileiro e o investimento do governo brasileiro em políticas de promoção da igualdade, acesso à educação superior e fortalecimento da identidade de grupos sociais. Além disso, são discutidas ponderações sobre as condições experimentais e de que formas o exercício de tomada de perspectiva e empatia pode ter influenciado nos resultados do TAI. Sobre a análise dos ensaios, discute-se o conteúdo dos mesmos, considerando que esses apresentam ausência ou escassez de estereótipos significativamente negativos sobre pessoas negras. No lugar de estereótipos negativos, foram encontrados aspectos da vida de um jovem universitário com dificuldades decorrentes de uma rotina. São discutidas as diferenças nos conteúdos dos ensaios do grupo experimental e controle. Nesse sentido, é importante destacar a maior riqueza de detalhes e a presença de aspectos subjetivos, sobretudo em relação aos conteúdos negativos, apresentada pelo grupo experimental quando comparado ao grupo controle. No segundo experimento, a hipótese de que ocorreria uma correlação entre o resultado final do Inventário de Empatia e os níveis de preconceito racial implícito (quanto maior o resultado da empatia, menor seria o racismo implícito medido pelo TAI) não se confirmou. É possível que o tamanho da amostra tenha impossibilitado a confirmação dessa hipótese, circunstância que sugere a realização de outras pesquisas sobre essas variáveis. Além disso, a neutralidade e a pequena variação do resultado do TAI nas condições experimental e controle pode ter inviabilizado a correlação com o Inventário de Empatia. As correlações entre o Inventário de Empatia e suas subescalas e o Formulário sobre Contato Interpessoal são discutidas no sentido de compreender as relações entre contato e preconceito. A partir da mediação realizada pela empatia e tomada de perspectiva, são discutidas as influências conjuntas e dinâmicas de fatores cognitivos, afetivos e comportamentais sobre o preconceito e o racismo.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Psicologia}, note = {Escola de Ciências da Saúde e da Vida} }