@PHDTHESIS{ 2014:117901897, title = {Estudo de rastreamento e diagnóstico da depressão nos idosos cadastrados na estratégia saúde da família de Porto Alegre, RS, Brasil}, year = {2014}, url = "http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/6412", abstract = "O envelhecimento populacional ocorre de sobremaneira nos países em desenvolvimento. Tal fato modifica o perfil de saúde e doença na população, prevalecendo as doenças crônico-degenerativas sobre as agudas e infecciosas. Dentre as doenças de características crônicas destaca-se a depressão geriátrica, altamente prevalente no mundo. O impacto das repercussões do aumento da depressão ainda é difícil de mensurar, embora projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2030 a coloquem como a principal patologia a contribuir para a carga global de doenças no mundo. O alerta da OMS ainda destaca que o impacto será mais intenso em países de baixa e média renda, o que está relacionado ao subdiagnóstico e subtratamento ao nível da atenção básica (AB). Além disso, outros fatores contribuem para a complexidade da depressão na faixa idosa dentre os quais destaca-se a comorbidade com transtornos de ansiedade contribuindo para a severidade do quadro psiquiátrico o que aponta para uma maior relevância à investigação de ambos transtornos. Este é um estudo transversal com coleta prospectiva que objetivou examinar fatores relacionados à depressão em uma amostra aleatória estratificada de idosos cadastrados pelo programa Estratégia Saúde da Família (ESF) do Município de Porto Alegre. Para o desenvolvimento do trabalho, os dados utilizados são provenientes de duas etapas de coleta: 1) etapa de rastreamento: com coleta de dados sociodemográficos, multidimensionais de saúde e de Sintomas Depressivos Clinicamente Significativos (SDCS) com a Escala de Depressão Geriátrica de 15 itens (EDG-15) em visita domiciliar por Agentes Comunitários de Saúde (ACS); e 2) entrevista especializada com a avaliação diagnóstica de transtornos psiquiátricos, utilizando-se a versão brasileira validada do Mini International Neuropsychiatric Interview 5.0.0 plus (M.I.N.I. 5.0.0 plus BR) – admitindo-se os critérios da 4ª edição revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) como padrão ouro. O presente trabalho objetivou: examinar a prevalência SDCS e suas características associadas, detectadas através da coleta realizada pelos ACS; 2) identificar associações entre os diagnósticos de transtornos depressivos e de ansiedade com os medicamentos psicotrópicos em uso. Como produto deste trabalho, dois artigos científicos foram produzidos; cada qual investigando um dos objetivos acima descritos. No primeiro trabalho, a amostra foi composta por 621 indivíduos de 60 anos ou mais que completaram a etapa de coleta de rastreamento realizada pelos ACS. Os resultados mostraram que uma prevalência alta de depressão (30,6%) foi estimada através da avaliação de rastreamento realizada por profissionais sem alta especialização. A depressão mostrou-se significativamente mais frequente em mulheres do que em homens (35.9% versus 20.9%; P<0.001). A partir de uma análise robusta pelo método de Poisson foram medidas associações independentes através da estimativa de Razões de Prevalências (RP) da depressão com as variáveis: gênero feminino (RP: 1.4, IC: 1.1-1.8); baixa escolaridade, destacando-se analfabetismo (RP:1.8, IC:1.2-2.6); autopercepção de saúde regular (RP: 2.2, IC: 1.6-3.0) e má/péssima (RP: 4.0, IC: 2.9-5.5). Esses achados são compatíveis com a literatura prévia existente. Entretanto, deve-se destacar que essa replicação de achados neste formato é inédita, já que foi realizada exclusivamente por ACS em uma situação próxima da real da Atenção Básica (AB). O segundo trabalho foi realizado a partir de uma amostra de 501 idosos que completaram as fases de rastreamento e de avaliação especializada. O estudo examinou associações entre diagnósticos de transtornos depressivos e de ansiedade com o uso de psicotrópicos em idosos cadastrados na ESF. As variáveis clínicas foram analisadas de forma dicotômica agrupando-se os diagnósticos de depressão unipolar e ansiedade com indicações psicofarmacoterapêuticas consistentes: 1) depressão unipolar: episódio depressivo maior atual, transtorno depressivo maior recorrente ou distimia; 2) ansiedade: transtorno de ansiedade generalizada, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno do pânico, fobia social ou agorafobia. As medicações psicotrópicas foram agrupadas em antidepressivos, benzodiazepínicos, estabilizadores de humor, antipsicóticos, anticonvulsivantes e outros medicamentos psicotrópicos. Como resultado, altas frequencias de depressão unipolar (11,4%), de ansiedade (9,0%) e da comorbidade de depressão e ansiedade (8,6%) foram observadas na amostra total. O gênero feminino esteve mais associado tanto com o grupo de depressão unipolar (26,4% versus 9,5%; P<0,001) quanto com o grupo de ansiedade (21,9% versus 10,5%, P<0,001). Os antidepressivos são considerados o tratamento farmacológico de eleição para o grupo de patologias analisadas e foram os mais utilizados (13.2%), seguido pelos benzodiazepínicos (6.8%) e antipsicóticos (2.2%). Na depressão, os idosos recebem mais frequentemente antidepressivos (40,4%) do que benzodiazepinicos (19,3%), antipsicóticos (7,0%), estabilizadores de humor (1,8%) e outros psicotrópicos (24,6%). Entretanto, a analise controlada pelo método de Poisson mostrou que o risco de receber benzodiazepínicos, ao invés de antidepressivos é consideravelmente maior na depressão geriátrica (PR: 6,6 vs 4,2); também observou-se a tendência para risco de uso de antipsicóticos (RP: 6,8) nesses casos. Ou seja, os achados deste estudo indicam que idosos portadores de transtornos depressivos unipolares têm maior risco de receber medicamentos psicosedativos como benzodiazepínicos e antipsicóticos do que antidepressivos. No grupo dos transtornos de ansiedade a frequência do uso de antidepressivos é considerada baixa (11,1%) sendo que a risco de uso de benzodiazepínicos nesse grupo diagnóstico é aproximadamente 3,5 vezes maior do que o uso de antidepressivos (RP de 4.3 versus 1.2). Os achados no grupo de idosos que possuem diagnóstico comórbido de, ao menos, um transtorno depressivo e de um transtorno de ansiedade é ainda mais preocupante, já que – embora sejam casos particularmente graves e associados à cronicidade – a chance de usar um antidepressivo é reduzida para quase a metade se comparada com o grupo diagnosticado com depressão isolada (RP: 4.2 versus 2.2). Com o envelhecimento populacional e o aumento dos transtornos depressivos no mundo, cada vez mais torna-se importante a ampliação do conhecimento acerca desta patologia em faixas de idade cada vez mais avançadas. Embora os resultados evidenciados nestes estudos sejam preocupantes, os mesmos lançam luz para importantes problemas de saúde pública. Além disso, achados a partir da operacionalização de equipes de saúde locais trazem esperança para um modelo de implementação estratégica de ações em saúde mental do idoso, já que apontam que “profissionais leigos” podem ter um papel fundamental na detecção precoce e na prevenção da depressão ao nível da comunidade e da AB, assim como na identificação de indivíduos deprimidos sem tratamento ou em uso de medicações psicotrópicas inadequadas. Enfim, os estudos permitiram examinar problemas importantes de saúde trazendo dados de alta prevalência de depressão geriátrica, assim como indicadores de que sua terapêutica farmacológica adequada, muitas vezes, não é alcançada. Assim, faz-se necessário a implementação de um modelo estratégico e ativo de ação para abordagem preventiva na saúde mental de idosos, pois utilizando ferramentas de baixo custo (escalas de rastreamento) é possível a identificação de casos de depressão incidente, em fase inicial, de casos severos, bem como auxiliar na identificação daqueles idosos que recebem tratamento inadequado.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica}, note = {Instituto de Geriatria e Gerontologia} }