@PHDTHESIS{ 2020:892478411, title = {Violências contra as mulheres e judicialização da vida privada : histórias que a gente não gostaria de saber}, year = {2020}, url = "http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10014", abstract = "As discussões atuais sobre a violência de gênero no contexto brasileiro evidenciam as diferenças de poder entre homens e mulheres, bem como a naturalização das violências contra as mulheres. Essas desigualdades são produtos de uma sociedade sexista, racista e patriarcal. No presente estudo de doutorado apresentamos como objetivo geral: analisar a Rota Crítica percorrida pelas mulheres em situação de violência até a denúncia no Juizado Especializado em Violência Doméstica e Familiar em Porto Alegre (RS) e de que forma essa rota contribui para o enfrentamento da violência, levando em consideração os determinantes étnico-raciais, de gênero e de classe social. Os objetivos específicos são: a) analisar as experiências sociais das mulheres frente ao percurso realizado na rede de atendimento, até o Juizado de Violência Doméstica e Familiar; b) identificar de que forma as medidas protetivas contribuem para o enfrentamento da violência contra a mulher; c) identificar de que forma os determinantes étnico-raciais e de classe social influenciam no processo de tomada de decisão das mulheres em situação de violência em relação ao uso das medidas protetivas; d) conhecer de que forma os operadores do sistema de justiça realizam o atendimento às mulheres em situação de violência doméstica que contam com as medidas protetivas; e f) identificar os limites e as possibilidades da Lei Maria da Penha na garantia da proteção às mulheres à luz da Teoria Feminista Crítica e da Teoria da Rota Crítica. A técnica utilizada com as mulheres e com os operadores foi o uso de roteiro elaborado. Foram entrevistadas 15 mulheres em situação de violência que fizeram uso de medidas protetivas e 3 operadores do sistema de justiça vinculados ao Juizado Especializado de Violência Doméstica e Familiar. As narrativas foram analisadas por meio do uso de Mapas de Associação de ideias, de Spink. A análise das narrativas das mulheres evidenciou a permanência da naturalização das violências contra as mulheres, produzidas pelo sistema patriarcal de gênero, tanto no âmbito doméstico, como nas ações promovidas pelo Estado. Em relação à rota crítica percorrida pelas mulheres, identificamos, nos fatores obstaculizadores, que os sentimentos de medo, culpa e vergonha são aspectos dificultadores na procura de apoio. Soma-se a esses fatores, a falta de apoio de familiares e amigos. Além disso, identificamos, nesse processo, a falta de informação e o atendimento inadequado por parte dos operadores dos serviços. Como fatores facilitadores, foram evidenciados o apoio de familiares e amigos e, em alguns casos, a agilidade nos atendimentos de urgência. Em relação às medidas protetivas, verificamos que as mulheres não se sentem protegidas, pois muitos dos autores das violências descumprem as restrições impostas pela lei, e nem por isso são punidos. Quanto às percepções das mulheres em relação às violências praticadas pelos parceiros íntimos ou outros familiares, as narrativas evidenciaram que as violências iniciam-se ainda na infância, na convivência familiar de origem. Dessa forma, as mulheres idealizam o parceiro ideal, ―o príncipe encantado‖ para reconstruírem suas vidas. As histórias também demonstraram que, tanto a diminuição, como o aumento dos ciclos de violência se dão durante o período gestacional. Concluímos que, embora o sistema de justiça ofereça um importante mecanismo de proteção às mulheres, o sistema tem evidenciado limitações na hora de garantir a proteção integral nos casos envolvendo a violência de gênero. Dessa forma, as outras demandas que fazem parte nesse processo não incluem necessariamente o sistema de justiça especializado. Além disso, as experiências sociais das mulheres do estudo demonstram que, ao buscarem o sistema de justiça, suas experiências são redefinidas e reinterpretadas à luz de um sistema que não incorpora os determinantes de gênero, étnico-raciais e de classe. Com isso, são sujeitas a novas formas de vitimização nessa rota crítica.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Serviço Social}, note = {Escola de Humanidades} }