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Tipo do documento: Tese
Título: A feminização linguístico-discursiva no jornal A Classe Operária (1925-1930) : política linguística em perspectiva dialógica
Autor: Boenavides, Débora Luciene Porto 
Primeiro orientador: Di Fanti, Maria da Glória Corrêa
Resumo: Atualmente, encontra-se em voga a discussão sobre políticas linguísticas propostas por grupos socialmente oprimidos para atenuar preconceitos impressos na linguagem e para tornar as línguas mais igualitárias e inclusivas. A feminização linguístico-discursiva, i.e., a valorização e o uso das formas linguísticas femininas é uma dessas propostas, tendo como intuito de, a partir da estilização discursiva, visibilizar as mulheres em seus próprios discursos nas mais variadas esferas discursivas. Essa política linguística, analisada e difundida com o advento dos estudos sociolinguísticos sobre linguagem e gênero nos anos 1970-1980, tem como reivindicação embrionária a reflexão feita em O Segundo Sexo por Simone de Beauvoir, em 1949, de que as mulheres não utilizavam o pronome “nós” para se autodesignarem. Contudo, entendemos que as ideologias feministas sempre foram refletidas e refratadas pela linguagem das mulheres, ao ponto dessa atitude linguística preceder à sua nomeação. Contemplando essa problemática, esta tese, a partir da análise dialógica do discurso e de uma visão dialógica do feminismo, tem como objetivo geral investigar a feminização linguístico-discursiva brasileira nos discursos das mulheres trabalhadoras no jornal A Classe Operária (1925-1930), visando compreendê-la enquanto política linguística feminista. Como objetivos específicos, busca: a) analisar os discursos das mulheres trabalhadoras presentes no jornal A Classe Operária na República Velha, averiguando características que apontem para uma política linguística feminista; b) verificar, nos enunciados das mulheres trabalhadoras no referido jornal, sob um viés dialógico, a estilização discursiva a que chamamos de feminização linguístico-discursiva, ressaltando suas características nos planos lexical, gramatical e discursivo, e c) examinar nos discursos analisados vestígios da presença de consciência linguística, nos termos da análise dialógica do discurso, de consciência de classe, nos termos de Karl Marx, e de consciência de gênero, nos termos do feminismo dialógico, observando como isso afeta a estilística de seus enunciados. Seguimos a metodologia proposta por Valentin Volóchinov em Marxismo e Filosofia da Linguagem (2017[1929]), a qual foi adaptada ao nosso objeto de análise. Assim, primeiramente, recuperamos o contexto das mulheres que escreviam para o jornal A Classe Operária entre os anos de 1925 e 1930, para descrição e interpretação das relações entre a base (modo de produção/ relações de produção e classes sociais) e as práticas linguageiras na esfera discursiva imprensa operária brasileira na República Velha. Após, refletimos sobre os enunciados das mulheres trabalhadoras no referido jornal, definindo o seu gênero discursivo e observando como a ideologia de classe das mulheres trabalhadoras organizou a estilística de seu discurso. Por fim, averiguamos as formas linguísticas nesses enunciados, analisando a existência da feminização linguístico-discursiva e ressaltando suas características nos planos lexical, gramatical e discursivo. A partir do conjunto da investigação, defendemos a tese de que a feminização linguístico-discursiva nos discursos das mulheres trabalhadoras no jornal A Classe Operária (1925-1930) se manifesta como uma política linguística, uma vez que esse ato responsivo, percebido no conjunto de seus enunciados, por um lado, reflete uma prática estilística recorrente inscrita na linguagem e, por outro, refrata a defesa dos direitos das mulheres no mundo do trabalho.
Abstract: Currently, the discussion on language policies proposed by socially oppressed groups to mitigate prejudices established on language and make languages more egalitarian and inclusive is in vogue. Linguistic-discursive feminization, i.e., the valorization and use of feminine linguistic forms, is one of these proposals, with the aim of, from the discursive stylization, making women visible in their discourses in the most varied discursive spheres. This linguistic policy, analyzed and disseminated with the advent of sociolinguistic studies on language and gender in the years 1970-1980, has as its embryonic claim the reflection made in The Second Sex by Simone de Beauvoir, in 1949, that women did not use the pronoun “we” to designate themselves. However, it is understandable that feminist ideologies have always been reflected and refracted by the language of women, to the point that this linguistic attitude precedes their naming. Contemplating this problem, this thesis, based on the dialogic discourse analysis and a dialogical view of feminism, has as its general objective to investigate the Brazilian linguistic-discursive feminization in the discourses of working women in A Classe Operária newspaper (1925-1930), aiming to understand it as a feminist linguistic policy. As specific objectives, it seeks to: a) analyze the discourses of working women present in A Classe Operária in the Old Republic Newspaper, ascertaining characteristics that point to a feminist linguistic policy; b) verify, in the statements of the working women in the referred newspaper, under a dialogical bias, the discursive stylization that we call linguistic-discursive feminization, highlighting its characteristics in the lexical, grammatical and discursive planes, and c) examine in the analyzed speeches traces of the presence of linguistic consciousness, in terms of dialogic discourse analysis, of class consciousness, in terms of Karl Marx, and of gender consciousness, in terms of dialogic feminism, observing how this affects the stylistics of their utterances. We followed the methodology proposed by Valentin Vološinov in Marxism and the Philosophy of Language (1973[1929]), which was adapted to our object of analysis. Thus, primarily, the context of the women who wrote for A Classe Operária newspaper between the years 1925 and 1930 is recovered, for the description and interpretation of the relations between the base (mode of production/relations of production and social classes) and the language practices in the discursive sphere of the Brazilian working-class press in the Old Republic. Afterward, is reflected on the statements of working women in that newspaper, defining their discursive genre and observing how the working women's class ideology organized the stylistics of their speech. Finally, it was investigated the linguistic forms in these utterances, analyzing the existence of the linguistic-discursive feminization and highlighting its characteristics in the lexical, grammatical, and discursive planes. Based on the research as a whole, we defend the thesis that the linguistic-discursive feminization in the discourses of working women in A Classe Operária newspaper (1925-1930) manifests itself as a linguistic policy, since this responsive act, perceived in the set of her statements, on the one hand, reflect a recurrent stylistic practice inscribed in the language and, on the other hand, she refracts the defense of women's rights in the world of work.
Actualmente, están en discusión políticas lingüísticas propuestas por los grupos socialmente oprimidos para mitigar los prejuicios impresos en la lengua y hacer lenguas más igualitarias e inclusivas. La feminización lingüístico-discursiva, es decir, la valorización y uso de formas lingüísticas femeninas, es una de estas propuestas, con el objetivo de, desde la estilización discursiva, visibilizar a las mujeres en sus propios discursos en las más variadas esferas discursivas. Esta política lingüística tiene como reclamo embrionario la reflexión realizada en El segundo sexo por Simone de Beauvoir, en 1949, de que las mujeres no utilizaban el pronombre “nosotras” para designarse a sí mismas, siendo analizada y difundida con el advenimiento de los estudios sociolingüísticos sobre el lenguaje y género en las décadas de 1970 y 1980. Sin embargo, entendemos que las ideologías feministas siempre han sido reflejadas y refractadas por el lenguaje de las mujeres, al punto que esta actitud lingüística precede a su denominación. Contemplando este problema, esta tesis, basada en el análisis dialógico del discurso y una visión dialógica del feminismo, tiene como objetivo general investigar la feminización lingüístico-discursiva brasileña en los discursos de las mujeres trabajadoras en el diario A Classe Operária (1925-1930), con el objetivo de entenderlo como una política lingüística feminista. Como objetivos específicos, busca: a) analizar los discursos de las mujeres trabajadoras presentes en el periódico A Classe Operária na República Velha, constatando características que apunten a una política lingüística feminista; b) verificar, en las declaraciones de las trabajadoras del citado diario, bajo un sesgo dialógico, la estilización discursiva que denominamos feminización lingüístico-discursiva, enfatizando sus características en los planos lexicales, gramaticales y discursivos, y c) examinar en los discursos las huellas de la presencia de la conciencia lingüística, en términos del análisis dialógico del discurso, de la conciencia de clase, en términos de Karl Marx, y de la conciencia de género, en términos del feminismo dialógico, observando cómo esto afecta la estilística de sus enunciados. Seguimos la metodología propuesta por Valentín Nikoláievich Volóshinov en El marxismo y la filosofía del lenguaje (2018[1929]), que fue adaptada a nuestro objecto de análisis. Así, primero, recuperamos el contexto de las mujeres que escribieron para el diario A Classe Operária entre los años 1925 y 1930, para la descripción e interpretación de las relaciones entre la base (modo de producción/relaciones de producción y clases sociales) y las prácticas del lenguaje en la esfera discursiva de la prensa obrera brasileña en la Antigua República. Posteriormente, reflexionamos sobre las declaraciones de las mujeres trabajadoras en dicho diario, definiendo su género discursivo y observando cómo la ideología de clase de las mujeres trabajadoras organizaba la estilística de su discurso. Finalmente, investigamos las formas lingüísticas en estos enunciados, analizando la existencia de la feminización lingüístico-discursiva y destacando sus características en los planos del léxico, de la gramatical y del discurso. Con base en el conjunto de la investigación, defendemos la tesis de que la feminización lingüístico-discursiva en los discursos de las mujeres trabajadoras del diario A Classe Operária (1925-1930) se manifiesta como una política lingüística, ya que ese acto de respuesta, percibido en el conjunto de sus declaraciones, por un lado, reflejan una práctica estilística recurrente inscrita en el lenguaje y, por otro lado, refracta la defensa de los derechos de la mujer en el mundo del trabajo.
Actuellement, la discussion sur les politiques linguistiques proposées par des groupes socialement opprimés dans l’intention d’atténuer les préjugés imprimés dans le langage et rendre les langues plus égalitaires et inclusives est en vogue. Une de ces propositions est la féminisation linguistico-discursive, c’est-à-dire, la valorisation et l’usage des formes linguistiques féminines à travers la stylisation discursive, afin de visibiliser les femmes dans leurs propres discours, dans les sphères discursives les plus variées. Cette politique linguistique, analysée et diffusée par l'avènement des études sociolinguistiques sur le langage et le genre dans les années 1970-1980, a pour revendication embryonnaire la réflexion menée par Simone de Beauvoir dans Le Deuxième Sexe, en 1949, selon laquelle les femmes n’utilisaient pas le pronom sujet « nous » pour s’autodésigner. Néanmoins, on comprend que les idéologies féministes ont toujours été réfléchies et réfractées par le langage des femmes, de sorte qu'une telle attitude linguistique peut précéder leur nomination. Dans cette problématique, a partir d’une analyse dialogique du discours et d’une vision dialogique du féminisme, cette thèse a pour objectif principal d’examiner la féminisation linguistico-discursive brésilienne dans les discours des femmes ouvrières du journal A Classe Operária (1925-1930), visant à la comprendre en tant que politique linguistique féministe. Pour ce faire, cette recherche a pour objectifs spécifiques : a) analyser les discours des femmes ouvrières présents dans le journal A Classe Operária sous la Première République du Brésil, en vérifiant les caractéristiques qui pointent vers une politique linguistique féministe ; b) vérifier, dans les énoncés des femmes ouvrières du susmentionné journal, sous un aspect dialogique, la stylisation discursive qu’on nomme féminisation linguistico-discursive, tout en soulignant ses caractéristiques lexicales, grammaticales et discursives ; et c) examiner dans les discours analysés les vestiges de l’existence d’une conscience linguistique en ce qui concerne l’analyse dialogique du discours, la conscience de classe, relativement à Karl Marx, à la conscience de genre, et du point de vue du féminisme dialogique, en observant comment cela touche la stylistique de ses énoncés. Nous utilisons la méthodologie proposée par Valentin Volóshinov dans Marxisme et philosophie du langage (2017[1929]), qui a été adaptée à notre objet d'analyse. Ainsi, tout d'abord on a récupéré le contexte des femmes qui écrivaient pour le journal A Classe Operária entre les années 1925 et 1930, pour la description et l'interprétation des relations entre la base (mode de production / rapports de production et classes sociales) et les pratiques langagières dans la sphère discursive de la presse ouvrière de la Première République du Brésil. Ensuite, on a réfléchi sur les déclarations des femmes ouvrières dans le journal A Classe Operária, en définissant leur genre discursif et observant comment l'idéologie de la classe des femmes ouvrières a organisé la stylistique de son discours. Enfin, on a vérifié les formes linguistiques de ces énoncés, en analysant l'existence d'une féminisation linguistico-discursive et mettant en évidence ses caractéristiques dans les plans lexical, grammatical et discursif. Sur la base de l'ensemble de cette recherche, nous défendons la thèse selon laquelle la féminisation linguistico-discursive dans les discours des ouvrières du journal A Classe Operária (1925-1930) se manifeste comme une politique linguistique, puisque cet acte réactif, perçu dans l’ensemble de ses énoncés, d'une part, reflète une pratique stylistique récurrente inscrite dans le langage et, d'autre part, réfracte la défense des droits des femmes dans le monde du travail.
Palavras-chave: Análise Dialógica do Discurso
Escrita de Mulheres
Feminismo Dialógico
Feminização Linguístico-Discursiva
Jornal A Classe Operária
Política Linguística
Área(s) do CNPq: LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Sigla da instituição: PUCRS
Departamento: Escola de Humanidades
Programa: Programa de Pós-Graduação em Letras
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Restrição de acesso: Trabalho não apresenta restrição para publicação
URI: https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10340
Data de defesa: 24-Fev-2022
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Letras

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